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Universitários pedem: empreender é preciso

Apesar do interesse dos estudantes, estudo mostra que falta de apoio das instituições para jovem ter negócio próprio

Por Victor Vieira
Atualização:

A vontade de inovar e ter projetos próprios entrou de vez nas salas de aula das universidades do País. Praticamente um em cada quatro alunos (23,5%) já teve ou ainda tem uma experiência empreendedora. Isso é o que mostra uma pesquisa com 5 mil estudantes feita no ano passado pela Endeavor, organização internacional de apoio ao empreendedorismo. 

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Apesar do interesse, o estudo mostra que ainda falta apoio das instituições ao jovem que quer empreender. Entre as públicas, só quatro em cada dez têm mentorias, redes de contato e plantões de dúvidas sobre os negócios dos alunos. Nas particulares, são seis em cada dez. 

Boa parte das escolas, de acordo com a pesquisa, já oferece disciplinas introdutórias sobre o tema. Poucas dispõem, porém, de uma rede sólida de incentivo. "O apoio se restringe à sala de aula. É preciso ajudar mais o aluno a tirar o negócio do papel", defende Pamella Gonçalves, diretora de Pesquisa e Mobilização da Endeavor. Na maioria, a discussão fica restrita às escolas de negócios e de engenharia. 

Rafael Belmonte, de 25 anos, tem uma startup no setor de entretenimento Foto: Felipe Rau/Estadão

Nas faculdades públicas, as vantagens são a disseminação de feiras de inovação científica, além de maior organização em entidades estudantis. Nas particulares, é o contato mais próximo com as empresas. 

A troca de ideias com profissionais do mercado durante a graduação ajudou Rafael Belmonte, de 25 anos, a desenhar sua startup no setor de entretenimento. "O networking proporcionado pelo centro de empreendedorismo da faculdade foi importante", diz. Ele se formou em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV) há quase três anos.

Belmonte avalia alguns dos ajustes necessários para que o fomento ao empreendedorismo na FGV seja ainda maior. "Tínhamos várias disciplinas para ter ideias inovadoras, mas poucas viravam uma empresa de sucesso", diz. 

Por isso, a escola lança no segundo semestre uma incubadora para converter mais ideias em realidade. "É um espaço para que o aluno se mantenha, pelo menos no começo", explica Tales Andreassi, do Centro de Empreendedorismo da FGV.

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FUTURONeste ano, a Universidade de São Paulo (USP) também pretende mergulhar no empreendedorismo. A ideia é ofertar mais cursos introdutórios e avançados sobre o tema, além de instalar escritórios de inovação. Com isso, quer atingir 90% de seus alunos. 

Segundo Fábio Kon, professor do Instituto de Matemática e Estatística da USP que trabalha com inovação, o apelo empreendedor tem avançado com rapidez na universidade. "Mas, pelos parâmetros internacionais, cerca de 10% dos alunos têm interesse em empreender. Na USP, hoje acredito que essa taxa é de 2%, 3%." 

Outro problema, afirma ele, é a baixa sofisticação dos projetos. "No Brasil, vemos muitas startups com pouca tecnologia." Para Kon, os universitários devem explorar melhor as fontes de financiamento público para empreender.

Daniel Cukier, de 36 anos, faz doutorado sobre empreendedorismo na USP. O interesse pela pesquisa foi tanto que também criou uma startup, na área de música. Segundo ele, porém, o respaldo da USP para o projeto foi pequeno. "No meu caso, já tinha experiência de mercado. Para alunos da graduação ou recém-formados, há iniciativas espalhadas", diz Cukier. "Faltam mais espaços de empreendedorismo, principalmente multidisciplinares."

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em cada quatro estudantes gostaria de cursar uma disciplina que ajudasse a empreender, mas suas escolas não oferecem essa possibilidade no currículo 

57,9%

dos universitários pretendem abrir um negócio. Desses, seis em cada dez querem montar a empresa própria em até três anos

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87,3%

dos alunos que planejam empreender buscam a internet para se informar. Dos entrevistados, 72,7% disseram recorrer à própria faculdade e 64,4% procuram os professores para pedir ajuda sobre o negócio

11,2%

dos entrevistados pela Endeavor empreendem atualmente. Entre os ouvidos, 12,3% já tiveram alguma experiência em tocar seus projetos

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