Unicamp reverte queda de aprovados da escola pública

Participação de alunos vindos da rede pública entre os aprovados havia caído para abaixo de 30% no vestibular de 2009

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comemorou ontem os resultados do vestibular do ano passado: recorde de inscritos e aumento no número de estudantes da rede pública matriculados.

 

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Em 2010, 51.122 alunos se inscreveram no vestibular da Unicamp. Desse total, 14.277 (27%) eram da rede pública. Foram chamados 3.320 candidatos para matrícula em 66 cursos.

 

Dos aprovados, 1.111 cursaram o ensino médio em escolas públicas, o que equivale a 32% dos matriculados neste ano. O índice está entre os maiores dos últimos anos e reverte a tendência de queda que vinha desde 2009, quando a participação havia caído abaixo de 30%. O maior índice de alunos de escola pública matriculados na Unicamp foi registrado em 2005 - 34,2%.

 

Segundo o coordenador do vestibular da Unicamp, Renato Pedrosa, a queda nos anos seguintes ocorreu por causa de fatores como o Programa Universidade para Todos (ProUni), que dá bolsas de estudo para egressos da rede pública em universidades particulares. "As instituições públicas precisam melhorar seu apelo diante desses alunos", disse.

 

Para Pedrosa, as mudanças feitas no modelo do vestibular da Unicamp em 2010 surtiram efeito no perfil dos aprovados. "A prova foi mais difícil, a queda da média geral mostra isso. Mas vamos analisar profundamente quem são os novos alunos e quais foram suas notas em cada questão."

 

"Um aspecto que pode ter relação com o maior número de aprovados da rede pública é a mudança na redação, que não é mais um texto dissertativo. Ao pedir três textos diferentes, não favorecemos os estudantes de cursinhos pré-vestibulares, que treinam mais o modelo argumentativo. Eles não tem mais vantagem sobre os demais candidatos", disse o coordenador. "Queremos não só os mais preparados, como também os mais talentosos."

 

Outro fator, diz ele, é o programa de ação afirmativa da Unicamp, o Paais. O instrumento soma 30 pontos à nota final desses candidatos – funciona do mesmo jeito desde 2004.

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Novo vestibular. O vestibular do ano passado foi o primeiro no novo modelo, com 48 questões de múltipla escolha na primeira fase (eram 12 questões dissertativas) e redação com três textos; na segunda fase, agora são quatro provas, em grandes áreas (língua portuguesa e literatura, matemática, ciências humanas e língua inglesa, ciências da natureza), aplicadas em três dias consecutivos (eram quatro), com 24 questões dissertativas por dia.

 

E todos os candidatos passaram a ter a prova de redação corrigida, o que não ocorria nos últimos anos, quando havia pré-seleção a partir das notas obtidas nas questões da primeira fase.

 

O aumento na participação de alunos da rede pública foi verificado já na passagem da primeira para a segunda fase. Em 2009, 20,3% dos convocados para a segunda fase vinham da rede pública; desta vez, foram 21,8%.

 

“Os números indicam que a nova prova também beneficiou esses candidatos”, afirmou o coordenador.

 

Presença maior

 

27% das 51,1 mil pessoas que se inscreveram no vestibular da Unicamp do ano passado (número recorde) fizeram o ensino médio em escola pública

 

32% dos 3,4 mil aprovados nesse mesmo vestibular são oriundos da escola pública. O índice recorde, de 34,2 %, foi atingido em 2005

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Atualizada às 10h do dia 1/4

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