'Tragédia', diz ministro da Educação sobre resultados do Brasil no Pisa

Em ranking com 70 países, ensino brasileiro ocupa das últimas posições em Matemática, Leitura e Ciência

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Por Luísa Martins
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro da Educação, Mendonça Filho, definiu como uma "tragédia" os resultados do Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que comparou 70 países quanto aos avanços e retrocessos na educação de jovens. O Brasil está estagnado há três anos nas áreas de Leitura e Ciências, enquanto em Matemática retrocedeu. "É uma situação realmente para lá de crítica", resumiu Mendonça.

As notas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), organizado pela OCDE, colocam o Brasil como um dos países com pior educação entre os 70 avaliados Foto: Gabriela Biló

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O estudo desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a maioria dos estudantes brasileiros de 15 anos ainda não sabe o básico da Matemática, tem poucas noções de interpretação de texto e desempenho pouco satisfatório em Ciências. 

A situação é ainda mais grave porque, nos últimos 12 anos, o orçamento do MEC mais que triplicou, passando de R$ 43 bilhões para R$ 130 bilhões. "Somos um País que investe significativamente em educação e mesmo assim o desempenho brasileiro não acompanha os recursos financeiros alocados. Alguma coisa está errada", aponta.

Também não há indícios de que uma eventual defasagem idade-série tenha contribuído para os maus resultados do Brasil, uma vez que quase 80% dos jovens pesquisados estavam no 1º ou no 2º ano do ensino médio, considerados regulares para os 15 anos de idade. 

Ele também disse que quer corrigir o que considera uma "inversão de prioridades": entre 2010 e 2016, o Brasil investiu R$ 30 bilhões em educação superior, enquanto a etapa básica teve aporte de apenas R$ 10 bilhões. Mendonça reconheceu avanços dos governos anteriores, como "mais inclusão, melhora do fluxo escolar e menos evasão", mas criticou o fato de a universalização do acesso à educação não se traduzir em melhora nos índices reportados pelo Pisa. "Não dá para sonhar com um país desenvolvido, que gere oportunidades para os jovens, se continuarmos com esse padrão. Vamos aprender com o fracasso, com os erros do passado, e redirecionar nosso foco".

Para reverter este quadro até a próxima edição da pesquisa (2018), o ministro anunciou que a pasta trabalhará em quatro eixos principais: o fortalecimento da alfabetização, a formação de professores, a construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reforma do ensino médio. 

A prioridade, anunciou Mendonça, será dada ao primeiro eixo. "A criança mal alfabetizada acumula desempenhos ruins no ensino fundamental e, depois, no médio, onde demonstra deficiências muito graves. Isso prejudica o desempenho global da educação", justificou, sem dar detalhes sobre o programa previsto para estrear já no ano que vem. 

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Quanto à formação de professores, o MEC afirma que irá manter a parceria com as universidades, mas "envolverá diretamente" os estados e os municípios, uma vez que são "os principais contratantes" de docentes. Segundo o titular da pasta, o projeto deve "enfatizar fortemente" as técnicas de ensino e os conteúdos que serão reproduzidos nas salas de aula.

Mendonça projeta que a BNCC que define os conteúdos desde o ensino infantil até os anos finais do fundamental deve estar concluída no início de 2017, enquanto a relativa ao ensino médio - fundamental para a aplicação da reformulação proposta pela medida provisória (MP) - deve ficar para o semestre subsequente. "A necessidade de uma nova arquitetura do ensino médio casa com o diagnóstico feito pelo Pisa."

Em café da manhã nesta terça-feira, 6, com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Mendonça pediu urgência na votação da MP em plenário.