‘Tecnologias permitem gestão melhor’, diz professor do Insper

Coordenador destaca que possibilidade de novos produtos abre porta ao empreendedor e facilita tirar ideia do papel

PUBLICIDADE

Por Luciana Alvarez
Atualização:
Capacidade de trabalhar em equipe, empatia e visão sistêmica são qualidades essenciais, afirma Guilherme Martins, do Insper. Foto: Leandro Arruda

A possibilidade de novos produtos abre portas ao empreendedorismo, segundo o coordenador do curso de Administração do Insper, Guilherme Martins. E as mudanças agregam valor ao trabalho do gestor. Sistemas podem analisar grandes volumes de ligações, robôs podem atender ligações, mas é só o ser humano que pode ter uma visão sistêmica para tomar boas decisões, diz ele.

PUBLICIDADE

Como as novas tecnologias modificaram a carreira do administrador?

As tecnologias atuais dão mais possibilidades para uma gestão melhor, seja por trazer mais informações, seja na produção em si ao proporcionar ganhos de qualidade e redução de custos. Os requisitos do gestor estão mudando, mas o trabalho humano do administrador não vai ser substituído. A tecnologia facilita certos processos, há sistemas que fazem diversos tipos de análises. O trabalho do administrador ficou menos mecânico e exige uma inteligência humana que a máquina não consegue substituir. 

Além do mundo virtual, a tecnologia afeta os produtos em si?

É o que chamamos de indústria 4.0, com processos que permitem a uma manufatura customizar produtos, oferecer variedade. Um tênis de marca pode sair da fábrica com o meu nome bordado, sem agregar tanto custo. Em um mundo com impressoras 3D nas casas, vamos ter a democratização dos meios de produção, com as pessoas podendo fazer tudo o que quiserem elas mesmas.

E qual é o peso da grande quantidade de informações para os negócios?

Sobretudo no Marketing se discute o Big Data e como lidar com esse volume de informações. Temos de reconhecer não só os dados escritos, mas também vídeos e fotos – e juntar tudo na tomada de decisão. O gestor tem de saber selecionar informações, separar quais são as variáveis úteis. Uma análise de dados pode apontar uma tendência, mas quem avalia o impacto, vê se faz sentido dentro da estratégia da empresa, se está de acordo com momento atual, é uma pessoa. Isso tem uma complexidade humana. 

Publicidade

A tecnologia está fazendo características humanas serem mais relevantes?

Parece um paradoxo, mas a tecnologia faz com que o lado humano agregue valor, faça a diferença. Cada vez mais a capacidade de interação, o trabalho em equipe, a empatia e uma visão sistêmica contam. Um sistema de call center pode atender 200 ligações por hora, mas quem vai preparar o robô para atender como um humano precisa? Essa interface humana é insubstituível. 

Como a faculdade prepara esse profissional?

Na faculdade, o aluno tem de ser preparado para aprender a aprender. Para isso, precisa de uma independência assistida. O professor não dá a informação: o estudante tem de pesquisar, coletar, e depois discutir em sala de aula. Ele, por exemplo, leva um caso simples para casa, vai ler, pensar e quando chega à classe já sabe lidar com o problema, vai só sistematizar. No Insper temos também laboratórios em que os estudantes podem fabricar produtos, materializar, para não ficar só no campo das ideias. 

O perfil de quem busca uma faculdade de administração também está mudando?

Vejo nos estudantes uma vontade muito grande de empreender. Com o acesso rápido às informações e até à manufatura, fica mais fácil pensar em prestar um serviço, criar um produto. É mais fácil tirar as ideias do papel, porque os meios de produção estão mais acessíveis. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.