A presidente da Apeoesp, sindicato dos professores do Estado de São Paulo, Maria Izabel Azevedo Noronha, afirmou hoje à tarde que 55% dos 220 mil professores da rede pública do Estado já aderiram à paralisação iniciada ontem. Em entrevista ao Estadão.edu, Maria Izabel afirmou que a cifra citada pelo governo - de 1% de adesão à greve - está equivocada. "Nunca começamos com menos de 15%. Só nossa militância já representa uns 15%, 20%. Mas entendo que o governo esteja fazendo a parte dele", disse ela. A presidente da Apeoesp diz que até sexta-feira a adesão dos professores chegará a 80%. A principal reivindicação dos grevistas é a reposição salarial de 34,3%, tendo por base o ano de 1998. "Precisamos repor nosso poder de compra." BIBLIOGRAFIA EXTENSA O sindicato também é contrário à avaliação dos professores temporários realizada pelo governo José Serra. Metade dos professores que fizeram a prova obtiveram notas abaixo da média e muitos já lecionam em sala de aula. Para Maria Izabel, a bibliografia, extensa, foi passada em cima da hora para os professores. Além disso, a prova cobrou conteúdos que os professores não tinham obrigação de saber, por serem atuais demais. Ela citou o filósofo e sociólogo francês Edgar Morin como exemplo - ele nasceu em 1921. A jornada ruim e a baixa remuneração, segundo a presidente da Apeoesp, também contribuíram para o mau desempenho dos professores. "São 100 mil professores em caráter temporário e em serviço precário. É vergonhoso." Outro ponto de discórdia entre a Secretaria de Educação e o sindicato, diz Maria Izabel, é a avaliação por mérito dos professores. "Ela peca porque exclui. Até 20% dos professores podem ter 25% de reajuste", diz. Para ela, a secretaria deveria apresentar um plano de política salarial abrangente. A greve é por tempo indeterminado.