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Rodrigo Bressan e o futuro no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais

Na seção Autógrafo, as pesquisas na psiquiatria

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Por Redação
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A seção Autógrafo convida um estudante de graduação para fazer uma pergunta a algum profissional que ele admira. Dessa vez, o tema em discussão é Psiquiatria. Victor Tardelli, de 18 anos, estudante do 2° ano de Medicina da Unifesp pergunta a Rodrigo Bressan,professor do Departamento de Psiquiatria da universidade: Qual é o futuro das pesquisas na psiquiatria e seu impacto no diagnóstico e tratamento dos transtornos mentais? "Quando falamos em transtornos mentais, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, estamos falando de alterações cerebrais. O cérebro é o órgão mais complexo do corpo humano e a compreensão desses transtornos depende dos avanços no entendimento de seu funcionamento. Enquanto a Medicina evoluiu no estudo de sistemas menos complexos, como o coração e os rins, o cérebro permaneceu como um grande desafio. Entender sua fisiologia e patologia são ainda obstáculos para a detecção e o tratamento eficaz dos transtornos. Por causa disso, os diagnósticos na psiquiatria são baseados na clínica. O médico pergunta ao paciente seus sintomas e o histórico da doença e, a partir daí, formula o diagnóstico e propõe um tratamento. Nos últimos 15 anos, observamos um avanço na pesquisa que estuda o cérebro. Técnicas de imagem cerebral (neuroimagem), como a ressonância magnética, avaliam o volume de estruturas como o hipocampo, responsável pela memória, e o córtex frontal, que coordena as funções cognitivas. Quando alguém tem esquizofrenia ou transtorno bipolar, diminuem as sinapses, conexões entre os neurônios. Como consequência, há perda de tecido cerebral, que pode ser observada na ressonância. Uma novidade que chegou recentemente ao Brasil é a neuroimagem das moléculas no cérebro. Com ela, podemos mapear alterações da dopamina e da serotonina, neurotransmissores que comandam a comunicação entre os neurônios. Pesquisas já apontaram que doses altas de remédios antipsicóticos podem causar sintomas depressivos em alguns pacientes. Enfim, o cérebro é a nova fronteira do conhecimento e há muito a ser investigado. Mas sou otimista, com a combinação de métodos de pesquisa como as técnicas de neuroimagem, a genética, a neuropsicologia, entre outros, vamos conhecer cada vez mais como funciona o cérebro. Em dez anos, veremos muita evolução em relação ao diagnóstico e ao tratamento dos transtornos mentais."

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