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PUC-Campinas demite três docentes acusados de acobertar trotes

Eles teriam perseguido alunos que denunciaram violência em CPI; grupo de estudantes decidiu protestar contra decisão

Por Isabela Palhares
Atualização:

A PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica) demitiu nesta quinta-feira, 25, três professores da Faculdade de Medicina, que no início do ano foram convocados para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Trotes. A comissão apurou casos de violações de direitos humanos em universidades paulistas. Os docentes foram acusados de perseguir alunos que fizeram as denúncias e também de estar presentes em festas e eventos em que aconteceram casos de violência contra calouros.

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Em nota, a PUC confirmou a demissão dos professores, mas informou que, por se tratar de “assuntos internos à instituição”, e em “respeito a todos os envolvidos”, não iria se pronunciar sobre os motivos que levaram aos desligamentos.

Contrários às demissões, alunos e residentes da faculdade fizeram um protesto na tarde desta quinta na frente da reitoria da PUC. Guilherme Henrique Zanluchi, aluno do 4.º ano e presidente do Diretório Acadêmico da Medicina, disse que os alunos exigiam ao menos uma explicação da universidade sobre os desligamentos.

“Os três professores são do Departamento de Clínicas Médicas, e os desligamentos vão afetar a qualidade do ensino, o quadro docente já está desfalcado. Além disso, eles eram excelentes e as acusações são infundadas”, disse Zanluchi.

De acordo com o Diretório Acadêmico, cerca de 30 residentes paralisaram as atividades no Hospital Celso Pierro. Sindicância. Após a abertura da CPI na Assembleia Legislativa, a PUC-Campinas abriu uma sindicância interna para apurar casos de violência nos trotes e também a conivência de professores. Entre as denúncias estavam casos de abusos físicos, ofensas sexuais e trotes desumanos. As vítimas descreveram que os calouros eram obrigados a, por exemplo, simular sexo oral, andar em uma piscina de urina, fezes e vômito, além de levar socos e tapas na cara.

Alunos que fizeram as denúncias, e que pediram para não ser identificados, disseram que foram chamados para uma reunião na semana passada e foram informados de que a sindicância apontou que as acusações contra os professores eram procedentes. Questionada, a universidade não comentou sobre o fim da sindicância.

“Fiquei surpreso e aliviado em saber que a PUC realmente tomou uma atitude contra essa situação. Estou com uma sensação de que a justiça foi feita, mas não me sinto seguro porque já sofri ameaças de alunos que não concordam com as denúncias”, disse um dos alunos.

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A demissão dos professores foi aprovada em uma reunião do Conselho Universitário (Consun). De acordo com a Associação dos Professores da PUC-Campinas (Apropucc), docentes de outras faculdades também foram demitidos, mas por causa de uma avaliação periódica que ocorre ao final de cada semestre.

Apuração. Além dos trotes violentos na PUC-Campinas, a CPI apurou denúncias de desrespeito aos direitos humanos em diversas universidades públicas e privadas do Estado. A maioria dos casos relata abusos nos trotes de faculdades de Medicina. A Alesp encaminhou o relatório final da comissão para o Ministério Público, que abriu inquérito para apurar as denúncias.

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