Responsável pela parte técnica do Enem, o presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, apresenta esta semana ao Comitê Gestor do exame estudos sobre a possibilidade de enxugar a prova. Anunciado inicialmente com 200 questões, o Enem deve ter entre 160 e 180 itens. "Com isso, reduziríamos em um período a aplicação da prova. Ela pode ser feita nos dias 3 e 4 só à tarde. Com 200 questões, precisaremos também da manhã do dia 4." "Prova terá dificuldade crescente: questões fáceis, médias e difíceis" (foto: André Dusek/AE) Leia a seguir trechos da entrevista: Por que vocês passaram a admitir a possibilidade de reduzir o número de questões do Enem? Isso veio de uma consulta dos reitores representados no Comitê Gestor (que também tem integrantes do MEC e das Secretarias Estaduais de Educação). Eles estavam preocupados com o risco de o exame ser cansativo demais. Fizemos os estudos. Do ponto de vista da seleção, quanto maior o número de questões, melhor. Mas os técnicos disseram que é possível avaliar com 160 a 180 questões. O senhor vai defender essa redução na reunião com o comitê? Vou apresentar os estudos. Quem decide é o comitê. Mas é claro que o fator cansaço influi na seleção. Outra vantagem de uma prova mais enxuta é que ela facilita a logística, um fator muito importante num exame nacional, com milhões de candidatos. Além da questão logística, de garantir a aplicação de milhões de provas simultaneamente em todo o País, vocês devem estar preocupados com a segurança. O que fazer contra fraudes? Estamos analisando a possibilidade de fazer a identificação digital dos candidatos. Mas isso é factível? Como vocês vão colher as digitais? Você usa uma fitinha que não suja o dedo. Já me apresentaram uns quatro ou cinco modelos desses. A fita ficará colada na prova? É essa a ideia. Só temos de analisar se há alguma dificuldade jurídica, se podem alegar algum tipo de constrangimento, porque tudo o que o MEC faz é mais difícil, gera contestação. Mas, se depender de mim, a gente vai usar a tal fitinha. Mais para guardar e poder checar se tiver alguma denúncia. Vocês estão usando a Teoria da Resposta ao Item na montagem do Enem. Especialistas em TRI dizem que ela permite fazer várias provas diferentes num mesmo exame de seleção. Quantas provas serão usadas? Usamos a TRI na Prova Brasil, que tinha 21 cadernos diferentes de questões. Mas neste primeiro exame do novo Enem, vamos trabalhar com uma prova única, só mudando a ordenação das questões. A prova terá sempre um nível de dificuldade crescente, com questões fáceis, médias e difíceis. O que vai variar é a ordem dos itens nesses blocos, o que ajuda bastante na questão da segurança. Outra vantagem da TRI é que, se tiver alagamento numa cidade no dia do Enem, não preciso repetir a prova para todo mundo. Aplico no dia seguinte uma diferente só naquela cidade. Então, teremos uma prova única e algumas de reserva, para lidar com imprevistos. Há 15 dias, numa reunião com professores do cursinho Objetivo, o sr. admitiu que o tema meio ambiente talvez tenha um peso excessivo no Enem. Isso foi revisto no documento levado ao comitê sobre os conteúdos e habilidades que serão exigidos na prova? Isso foi levantado por um professor, e eu concordei. O tema meio ambiente era muito debatido na época de criação do Enem, o que talvez tenha contribuído para o peso dele na prova ficar grande. O documento já contemplou isso. Não sei se contemplou satisfatoriamente, mas tem mais habilidades ligadas à área de saúde, saúde pública, do que tinha. Então, gripe suína entra com certeza na prova? Ah, isso eu não posso te dizer.