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Prova de português e matemática da Unicamp foi 'trabalhosa' e 'extremamente difícil', dizem professores

Os candidatos tiveram 4 horas para responder a 24 questões dissertativas; 2ª fase do vestibular vai até terça-feira

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Por Redação
Atualização:

A primeira prova da 2ª fase do vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) "muito bem feita" e deve ter selecionado "gênios", segundo professores de cursinhos ouvidos pelo Estadão.edu. Neste domingo, 16, os candidatos responderam a 12 questões de língua portuguesa e literatura e 12 de matemática.

 

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"Foi uma prova extremamente difícil, com questões quase impossíveis de se fazer por conta do tempo", afirmou a professora de português do Objetivo Elizabeth Massaranduba. Para ela, houve uma supervalorização da literatura - metade das questões eram sobre as obras indicadas para leitura. "Exploraram principalmente a comparação entre personagens de dois livros diferentes. Com uma prova deste nível, eles devem estar querendo selecionar gênios."

 

Para a coordenadora de língua portuguesa do Etapa, Célia Passoni, a prova precisou ser feita com muito cuidado pelos candidatos. "Exigiu muito entendimento de textos, domínio de leitura e redação", definiu. "Não sei o que a Unicamp quer com uma prova tão complexa. Com certeza, as notas não serão altas."

 

Já o professor de português do Cursinho da Poli Claudio Rosa Lopes chamou a atenção para a extensão da prova. "Provavelmente o estudante entendeu o que era para fazer, mas não teve tempo hábil para responder às questões", afirmou. "Vai selecionar alunos com maior capacidade de interpretar textos e conseguir elaborar respostas de maneira objetiva."

 

Neste ano, a prova de língua portuguesa e literatura trouxe uma novidade: em vez de questões sobre uma obra da lista de livros pedidos pelo vestibular, a maior parte das questões trazia comparações entre dois títulos, de autores diferentes. A lista de livros pedidos, feita em conjunto com a Fuvest, tem nove indicações.

 

De cinco questões que tratavam de livros solicitados, quatro citaram mais de uma obra e pediram comparações entre O Cortiço e Vidas Secas; Memórias de um Sargento de Milícias e Vidas Secas; Auto da Barca do Inferno e Memórias de um Sargento de Milícias; e O Cortiço e Iracema.

 

"Isso permite que mais obras da lista de livros sejam cobradas dos candidatos e deve se tornar uma tendência", afirmou o coordenador executivo do vestibular, Renato Pedrosa.

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Matemática

 

Em matemática, as questões não foram mais fáceis. "A prova exigiu bastante e, na medida do possível, conseguiu abranger todo o conteúdo do ensino médio", avaliou o professor do Objetivo Giuseppe Nobilioni.

 

Segundo Carlos Shine, professor do Etapa, a Unicamp manteve a característica de aumentar a dificuldade das questões na medida em que o candidato avança na prova. "O exame vai se tornando mais específico e, por isso, trabalhoso." Para ele, o fato de a universidade criar perguntas baseadas em coisas do dia a dia - como o preço de cartuchos de tinta para impressão, poluição e colesterol - é uma maneira de deixar a prova mais acessível para os alunos e mostrar a importância da matemática no cotidiano das pessoas.

 

Na opinião da professora do Cursinho da Poli Thaís Oliveira, o exame foi "além de difícil, trabalhoso". "O problema maior era administrar o tempo. A prova como um todo tinha 24 questões, cada uma com dois itens. Responder a 48 perguntas em quatro horas não é fácil", avaliou.

 

A dificuldade na prova de matemática, segundo explicou o coordenador executivo Renato Pedrosa, ocorreu pela necessidade de interpretação dos enunciados, marca registrada da Unicamp e bastante acentuada na prova deste ano.

 

“Se apresentássemos apenas a necessidade de o candidato usar a fórmula, talvez ele conseguisse com maior facilidade, mas a ideia é mostrar que o conhecimento não é um conjunto de fórmulas isolado. A gente tem problemas na vida a serem resolvidos com o conhecimento”, disse Pedrosa. Segundo ele, esse formato, inclusive nas provas de exatas, é uma tendência.

 

A prova de matemática foi considerada a mais difícil e cansativa pelos candidatos neste domingo, até mesmo por aqueles que tentavam vaga em cursos da área de exatas. "Achei a prova de português mais fácil do que imaginava e a de matemática, matéria em que vou bem, foi o contrário", afirmou o estudante de Engenharia Química Renato Rodrigues Ferreira, de 29 anos, aluno de faculdade particular que concorre a uma vaga no curso de Química. "A expectativa é de ir melhor nas provas de química e física, na terça-feira", disse.

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Errata

 

A Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest), responsável pela prova da Unicamp, divulgou errata para duas questões do exame. Os erros foram percebidos pela banca após o início da prova.

 

A Comvest informou que as questões não serão anuladas e duas formas de respostas em cada uma das questões prejudicadas serão levadas em consideração pelos avaliadores. Uma delas é a questão 7 da prova de língua portuguesa, que usa um trecho de poema de Vinicius de Moraes. A outra é a questão 15 da prova de matemática.

 

Abstenção

 

O vestibular da Unicamp teve pequena queda na abstenção em relação ao ano passado – de 8,07% para 8%. Neste domingo, dos 16.644 candidatos convocados, 1.332 não compareceram para fazer a prova. Os estudantes concorrem a 3.444 vagas em 66 cursos da Unicamp e dois cursos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp).

 

Enem

 

Para 2012, a Unicamp espera conseguir usar o resultado do Enem em seu vestibular, o que não foi possível nesta edição do processo seletivo por incompatibilidade de datas. Para isso, disse o coordenador do vestibular, Renato Pedrosa, é necessário que o MEC divulgue as notas do exame até o fim de novembro. "A utilização está prevista em edital, mas o vestibular não pode ser mais adiado. As 180 questões do Enem podem não compor uma prova boa para avaliar as escolas, mas certamente é uma boa prova para avaliar indivíduos e temos interesse em usar isso", disse Pedrosa.

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Gabarito

 

As provas da 2ª fase serão realizadas até terça-feira, 18, em 21 cidades do País. A duração dos exames é de quatro horas, todos os três dias. O acesso aos locais de aplicação dos exames será permitido até as 13h. Nos Estados onde não há horário de verão, a Unicamp segue o horário local, e não o horário de Brasília.

 

A segunda fase é constituída por cinco provas. Os candidatos respondem a 24 questões dissertativas a cada dia de prova. Nesta segunda, 17, serão aplicados os exames de ciências humanas e artes (18 questões) e língua inglesa (6 questões). Por fim, no último dia, serão avaliadas as ciências da natureza.

 

No dia da prova, é obrigatório apresentar o original do documento indicado na inscrição. Os candidatos deverão levar caneta esferográfica de tubo transparente e tinta azul ou preta, borracha e uma pequena régua. É proibida a utilização de calculadora, celulares e pagers, corretivo líquido, relógio com calculadora, boné ou chapéu, ou quaisquer outros materiais estranhos à prova.

 

Os gabaritos serão divulgados no site da Comvest (www.comvest.unicamp.com.br) ainda esta semana – não há um dia definido.

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