A maior parte das propostas de mudança no vestibular da Fuvest será reformulada a pedido do Conselho de Graduação (CoG). Como estavam postas inicialmente, elas elevariam a nota de corte de praticamente todas as carreiras da Universidade de São Paulo (USP) e, na reunião de ontem do conselho, foram levantadas dúvidas dos impactos das modificações sobre a inclusão social.
As propostas serão revistas e voltarão à pauta em duas reuniões agendadas para abril, nos dias 14 e 28. Se houver consenso nessas datas, as eventuais modificações serão válidas ainda este ano.
Na reunião do CoG, que durou mais de seis horas, foi aprovado um novo modelo para o programa de inclusão social (Inclusp), baseado na avaliação seriada que em tese dá mais chances a alunos da rede pública - o teto da bonificação subiu de 12% para 15%.
Cinco propostas de alteração do atual modelo do vestibular, como reduzir o número de alunos chamados à segunda fase, foram retiradas da pauta pelo grupo de trabalho que lidera a reformulação, depois de serem questionadas por professores e alunos.
Entre as propostas, estão o aumento da nota mínima de corte da primeira fase - de 22 para 27 pontos - e a mudança no índice que determina o número de convocados para a segunda fase - a ideia era chamar menos do que três candidatos por vaga. Juntas, essas duas medidas causariam o aumento da nota de corte em praticamente todas as carreiras oferecidas pela USP.
Professor da Escola Politécnica e coordenador do grupo de trabalho que propôs as mudanças, Paul Jean Jeszensky reconheceu a necessidade de revê-las.
“Discutimos muito, algumas dúvidas foram levantadas e tem que fazer mais simulação sobre os efeitos que essas alterações vão provocar”, afirma Paul Jean.
Segundo a pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, que preside o CoG, o grupo vai trabalhar para demonstrar as vantagens da reformulação no vestibular, que prevê também voltar a considerar os pontos da primeira fase na composição da nota final e criar um mecanismo inédito na Fuvest em que o estudante não aprovado possa escolher carreiras com vagas sobrando após a terceira chamada do vestibular.
“Uma parte (das propostas) foi aprovada, outra parte voltará para discussão quantas vezes for necessário, enquanto houver dúvidas do benefício dessas mudanças”, diz Telma Zorn.
Estudantes que acompanharam a reunião do conselho disseram que propostas para tornar o vestibular mais difícil são incoerentes com o discurso de inclusão da USP, que ontem foi alvo de protesto pró-adoção de cotas raciais.
Além do novo Inclusp, foi aprovada medida técnica: a autenticação de dados fornecidos na inscrição para evitar que a pessoa sem o ensino médio completo concorra fora das carreiras de treineiros.
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