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Promotoria investigará discriminação na Medicina da USP

Alunos do curso relataram anonimamente uma série de supostos casos de homofobia, machismo e estupro no câmpus e em festas 

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - A Promotoria de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual (MPE) vai instaurar um inquérito civil para apurar eventuais condutas discriminatórias na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). O procedimento será realizado depois de um dos alunos do curso relatar anonimamente uma série de supostos casos de homofobia, machismo e estupro no câmpus e em festas promovidas por estudantes. Segundo ele, a FMUSP não apura as denúncias “para preservar a imagem da instituição”. A investigação ficará a cargo da promotora Paula Figueiredo.

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“As mulheres que denunciaram casos de estupro são perseguidas e ridicularizadas por onde passam”, afirmou o estudante, que não quis se identificar por dizer que tem sido ameaçado constantemente por outros estudantes. Segundo ele, alguns deles seriam coagidos por colegas para deixar de relatar as situações.

O maior questionamento dos estudantes é em relação à festa Carecas no Bosque, organizada pela Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz (AAAOC). No mês de junho, um estudante disse ao Estado, com respaldo de outras testemunhas, ter sido impedido de entrar em uma das dependências do evento por ser homossexual. Na ocasião, foi registrado um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). No mesmo local, uma estudante de psicologia afirmou ter sido barrada porque apenas “casais de verdade” seriam liberados.

Outro caso, de suposto estupro na mesma festa, em 2011, ficou registrado na 1.ª Delegacia da Mulher, mas continua sendo investigado. Os organizadores da festa negaram as acusações. A assessoria de comunicação da FMUSP foi procurada, mas não retornou ligações e e-mail.

Prevenção. A professora de Antropologia Heloísa Buarque de Almeida, que está na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP desde 2007, afirmou receber denúncias de maneira informal há dois anos de estudantes da Medicina. “Denúncias formais são raríssimas. Elas não chegam à universidade de fato”, disse. 

A professora está à frente do USP Diversidade, vinculado à pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária. O objetivo do programa é desenvolver ações que promovam os direitos humanos. Uma das ações propostas, por exemplo, é o mapeamento de todas as denúncias anônimas.

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