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Professor da ECA dá aula na reitoria ocupada da USP

Docente saiu do currículo de História da Arte e falou sobre política educacional e problemas sociais do Brasil

Por Paulo Saldaña e Carlos Lordelo
Atualização:

Professor Luiz Renato Martins e seus alunos da disciplina História da Arte

 

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O saguão principal da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), ocupado na manhã desta terça-feira por funcionários grevistas, serviu de sala de aula para o professor da Escola de Comunicação e Artes Luiz Renato Martins. Ele convocou os alunos da disciplina História da Arte para uma palestra sobre relações de poder, política universitária e problemas sociais do Brasil.

 

Cerca de 20 estudantes atenderam o chamado e sentaram em confortáveis sofás e poltronas para acompanhar a fala do professor. Outro grupo de alunos preferiu não assistir a aula, segundo eles, por não concordarem com o movimento. Mas eles não levaram falta.

 

"Viemos apoiar plenamente esse gesto de grande envergadura", disse Martins, sobre a invasão e ocupação da reitoria. "Se tem alguma coisa que não tem legitimidade é o reitor (João Grandino Rodas). Ele é o responsável pela situação de caos que a universidade vive hoje e pela perversidade da política salarial."

 

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O Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) alega que a reitoria descontou os dias não trabalhados nos salários de cerca de mil funcionários, principalmente da prefeitura do câmpus e da Coordenadoria de Assistência Social (Coseas). Além do corte do ponto, os grevistas decidiram "radicalizar o movimento" para pressionar pela reabertura de negociações salariais.

 

Segundo eles, a isonomia entre servidores e professores está quebrada. Em março deste ano, os docentes das três universidades estaduais paulistas - USP, Unesp e Unicamp - tiveram seus salários reajustados em 6% - aumento que não foi concedido aos servidores. A atitude motivou a paralisação dos funcionários das instituições. Na USP, a greve já dura 35 dias.

 

Segundo Martins, os professores estão "satisfeitos" com o aumento e "sequer estão se reunindo em assembleias da Adusp", a Associação dos Docentes da USP. "Não descarto a possibilidade de fazer outras aulas na reitoria enquanto o prédio estiver ocupado", disse.

 

A estudante do 1º ano de Artes Plásticas Daniele Cardoso, de 19 anos, participou da aula "para entender o que está acontecendo". "Seria estranho a universidade parar e você não se envolver. Esta não é uma questão individual. Se ocuparam é porque alguma coisa grave está acontecendo."

 

Colega de turma de Daniele, Júlia de Luca, também de 19 anos, reclamou da falta de ação dos estudantes. "Fica uma imagem de que os servidores são baderneiros, e eu vim para apoiá-los", disse ela, que planeja se incorporar à ocupação e passar a noite na reitoria.

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