Prêmio ‘caça’ escritores nas escolas brasileiras

Entre os premiados estão um poeta de 12 anos do RN e uma jovem de 17 que denuncia ‘o roubo de água do rio’ no AP

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Por Ocimara Balmant e de O Estado de S. Paulo
Atualização:

Sábado foi a primeira vez que o menino Henrique Douglas de Oliveira, de 12 anos, saiu de seu Estado natal, o Rio Grande do Norte. Morador da pequena cidade de José da Penha, com pouco menos de 6 mil habitantes, ele foi com a mãe para Brasília.

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Na ida, ele já tinha motivo para comemorar: era um dos finalistas da Olimpíada de Língua Portuguesa. Mas a volta, amanhã, será ainda mais feliz. Além da medalha, ele leva um notebook, uma impressora e a convicção de que seus versos e rimas são de qualidade. Seu poema Ô de casa?! foi um dos campeões desta edição do evento. Venceu numa concorrência acirrada. Do País todo, foram enviados 48 mil textos de 5.092 municípios sobre o tema O Lugar Onde Vivo.

“Fiquei feliz porque eu não sabia que estava tão bom”, diz Henrique. “Mas não foi de uma hora para a outra. Eu fiz, fui relendo e trocando as palavras por outras melhores, até ficar satisfeito.”

Os textos concorreram em quatro categorias – poema, memória literária, crônica e artigo de opinião. Estudantes do 5.º e 6.º anos do fundamental concorreram com poemas, os do 7.º e 8.º, com memórias. As crônicas foram escritas pelos alunos do 9.º do fundamental e do 1.º do ensino médio, e os artigos pelos dos dois últimos anos do médio.

Foi nessa última categoria que Ana Lina de Oliveira, de 17 anos, foi premiada. Moradora de Macapá, seu texto Os Piratas do Amazonas denuncia o tráfico de águas na Região Norte do País. “Estão economizando, furtando a nossa água para transportá-la para a Europa e Ásia, já que a dessalinização de águas do oceano custaria mais caro.” A ideia veio de uma curiosidade antiga. “Sempre quis saber o que os navios faziam no meio do rio. Fui atrás e descobri. Espero que minha denúncia surta efeito.”

As escolas nas quais estudam os 20 selecionados receberão laboratórios de informática, com dez microcomputadores e uma impressora, projetor e telão, além de livros para a biblioteca.

Missão

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A Olimpíada de Língua Portuguesa nasceu em 2002, com o nome Escrevendo o Futuro, um programa da Fundação Itaú Social. Em 2008 se tornou política de educação do governo federal e foi renomeado.

O modelo é bianual, com os anos pares dedicados para mobilização e premiação de professores, alunos e escolas e os ímpares para formação presencial e a distância de professores e educadores das secretarias de educação. A intenção é qualificar profissionais para que eles trabalhem cada vez melhor o estímulo à leitura e a produção de textos.

“Neste ano, a qualidade dos textos evoluiu muito. Isso mostra que a proposta da Olimpíada – que não é um concurso, mas um programa que capacita professores –, produz resultados”, diz o vice-presidente da Fundação Itaú Social, Antonio Matias.

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