Por economia, Ministério da Educação desiste de imprimir Provinha Brasil

Continuidade da avaliação aplicada por escolas no 2º ano está em análise; ex-secretária de Educação Básica do MEC questiona decisão

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Por Isabela Palhares
Atualização:
Finalidade. Exame permite diagnóstico de aprendizado Foto: DIVULGAÇÃO

A Provinha Brasil, avaliação aplicada para os alunos do 2.º ano do ensino fundamental para medir o aprendizado em Português e Matemática, não terá versão impressa no segundo semestre deste ano – por restrições financeiras. Segundo Maria Inês Fini, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – o Inep, órgão responsável pela prova –, isso permitirá uma economia de R$ 10 milhões. A própria realização da prova nos próximos anos ainda está em avaliação. 

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“A não impressão se deve, em primeiro lugar, ao fato de que estamos em uma economia tremenda. Segundo, essa é uma avaliação processual que as próprias escolas têm de fazer e não o Inep ou o MEC (Ministério da Educação). Não é uma prova de larga escala”, disse Maria Inês. 

A avaliação digital será oferecida no site do Inep em 15 de agosto para que as escolas que tenham interesse possam imprimi-la. A Provinha Brasil não é uma avaliação externa, mas oferece um diagnóstico imediato aos professores e gestores escolares do processo de aprendizagem dos alunos. Ela também não é obrigatória. A avaliação ocorre duas vezes, no início e no fim do ano letivo, para avaliar a aquisição dos conhecimentos esperados pelos alunos que passaram por, pelo menos, um ano de alfabetização. 

Os dois testes têm resultados comparáveis para possibilitar às escolas avaliar o avanço estudantil. Neste ano, a primeira etapa foi enviada às escolas em maio e aplicada para 2 milhões de crianças, segundo informou o MEC à época. 

Mudanças. Maria Inês disse que o MEC ainda estuda a continuidade da Provinha Brasil nos próximos anos. Uma das propostas é incorporá-la à Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), prova de larga escala que hoje é aplicada aos alunos do 3.º ano do ensino fundamental. “Essa é uma discussão que ainda está aberta. Mas não faz sentido termos uma avaliação para o 2.º ano e outra para o 3.º ano”, disse.

Ex-secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda disse ser lamentável a decisão do Inep em não imprimir as provas. “As escolas, as redes municipais e as estaduais não têm recursos pra isso. É uma economia de palito, porque a prova tem um custo baixo pelo que proporciona de benefícios para a formação dos professores, já que para cada questão ela traz uma orientação de como trabalhar com os alunos”, afirmou.

Ela também ressaltou que os exames que o MEC estuda fundir têm papéis diferentes de análise. “A ANA é uma avaliação externa com grande impacto na formação de políticas públicas, mas a Provinha apresenta um papel extremamente importante na formação e no engajamento dos professores na alfabetização.”

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Já Mozart Ramos , diretor do Instituto Ayrton Senna, disse que a Provinha mede um patamar de aprendizado aquém do esperado para a etapa. “Não mede de fato o nível de alfabetização esperado para o fim de ciclo. Além de que não há transparência pública com os dados, já que eles não são publicados e servem apenas para o consumo do professor.”

Cancelamento. Não é a primeira vez que há cortes em avaliações para o monitoramento da alfabetização. No ano passado, o MEC cancelou a realização da ANA, criada com o Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), lançado pela presidente afastada Dilma Rousseff em 2012. A decisão interrompeu a série de provas iniciada em 2013. O corte de gastos foi o principal motivo para o cancelamento, mas, à época, o ministério informou que questões pedagógicas também foram levadas em consideração.

Maria Inês informou que a ANA deste ano já está garantida para novembro e sua realização já foi informada às escolas. “Resolvemos investir bastante nessa avaliação”, disse.