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Por dentro da nova Univesp

Conheça os cursos a distância que serão lançados pela futura universidade

Por Sergio Pompeu e Carlos Lordelo
Atualização:

A Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) aposta no projeto que lhe dá autonomia, enviado este mês pelo governo do Estado à Assembleia, para ganhar mais peso no sistema público de ensino superior paulista. “É superimportante que a gente tenha personalidade jurídica própria”, diz a coordenadora geral da Univesp TV, Mônica Teixeira. “Uma parte do establishment da educação não acredita que é possível formar gente a distância como estamos fazendo.”

 

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Com a autonomia, a Univesp pretende ampliar sensivelmente sua oferta de cursos certificados a distância, hoje limitada a duas licenciaturas (em Ciências, em parceria com a USP; e em Pedagogia, com a Unesp) e duas especializações (em Ética, Valores e Saúde na Escola; e em Ética, Valores e Cidadania na Escola, ambas em convênio com a USP).

 

Numa primeira etapa serão oferecidas duas novas licenciaturas (em Língua Portuguesa e em Matemática, ambas produções autônomas da Univesp), quatro bacharelados (Sistemas para Comércio Eletrônico e Segurança da Informação, autônomos; Engenharia da Computação e Engenharia de Produção, ambos em parceria com a Unesp), um tecnológico (Tecnologia em Processos Gerenciais, produzido em parceria com o Centro Paula Souza), uma especialização (Formação de Educadores para Libras, em parceria com a Unicamp) e um mestrado profissional (stricto sensu) em Formação de Professores de Engenharia (em parceria com a Escola Politécnica da USP).

 

Destes, o que está em estágio mais avançado é o de Tecnologia em Processos Gerenciais, que só aguarda a aprovação do projeto pela Assembleia e o credenciamento da Univesp pelo Ministério da Educação para abrir inscrições no processo seletivo. A expectativa do Centro Paula Souza é oferecer 3.200 vagas para o curso, de três anos de duração.

 

“O material institucional dos três primeiros semestres e a estrutura de laboratórios para a parte presencial estão prontos”, diz o coordenador de Ensino Superior de Graduação do Paula Souza, Angelo Luiz Cortelazzo. “Os outros três estão na fase final do design gráfico.”

 

Como a legislação impede a realização de cursos certificados estritamente online, 25% da carga horária será presencial. Os polos presenciais serão instalados na rede de 52 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) subordinada ao Paula Souza.

 

O curso tecnológico será usado pela Univesp para conseguir o credenciamento do Conselho Nacional de Educação para funcionar como universidade. Isso porque o MEC só envia equipes para avaliar a estrutura da instituição quando ela tem pelo menos um curso com metade da carga horária pronta.

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O programa de Tecnologia em Processos Gerenciais foi concebido para micro e pequenos empresários. Segundo o Paula Souza, dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) apontam que 700 mil empreendimentos em São Paulo são dirigidos por pessoas sem formação superior.

 

O Centro Paula Souza quer seguir a mesma lógica de demanda potencial em outros dois cursos que pretende oferecer em parceria com a Univesp, nas áreas de Museologia e Restauro. “São áreas com déficits de milhares de profissionais”, diz Cortelazzo. “A Secretaria de Cultura estima que faltem 7 mil profissionais só para suprir as necessidades da rede de museus do governo do Estado. Em restauro, temos uma demanda reprimida da ordem de 2 a 3 mil pessoas.”

 

Engenharia

 

No caso de Formação de Professores de Engenharia, a ideia do curso vem sendo discutida pela Univesp e a Poli há pelo menos um ano e meio. Mas só agora, com a institucionalização da Univesp, deverá sair do papel. “Está provado que o ensino online tem tecnologia suficiente para garantir uma boa formação”, diz o diretor da Poli, José Roberto Cardoso.

 

O curso visa a capacitar, inicialmente, os professores das Fatecs. Depois deverá ser expandido para atender docentes de universidades particulares. O mestrado funcionará no modelo semipresencial, mas ainda não foram definidos a localização dos polos ou o número de vagas.

 

Segundo Cardoso, o projeto do curso ainda precisa ser submetido às comissões internas da Poli. “É sempre bom encarar coisas novas”, diz. “A formação de professores em todas as áreas da Engenharia é um problema muito grave no País.”

 

Cardoso elogiou os planos da Unesp de lançar graduações em Engenharia da Computação e de Produção em parceria com a Univesp. “A USP vai acompanhar essa tendência, mas na sua velocidade. Temos DNAs diferentes.”

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Os projetos dos cursos da Unesp também precisam passar pelas comissões internas da universidade. A meta é usar a estrutura da instituição, espalhada por 23 cidades paulistas, como polos de apoio presencial. Para cada polo seriam oferecidas 25 vagas em Produção e outras 25 em Computação no vestibular.

 

Segundo o coordenador do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Unesp, Klaus Schlünzen Junior, algumas unidades precisariam ser adaptadas para receber laboratórios e salas multimídia. “O investimento em EaD beneficia também os alunos dos cursos presenciais e a sociedade. Por conta do curso de Pedagogia, por exemplo, fizemos compras expressivas de livros, que estão disponíveis para quem mora perto dos polos presenciais.”

 

Klaus afirma que a principal dúvida dos professores responsáveis pelos novos cursos é o que se pode fazer na formação de engenheiros em cursos a distância, e não se é possível formar engenheiros a distância. “Depois da experiência com o curso de Pedagogia, alguns docentes acabaram percebendo as potencialidades da educação online”, diz. “É preciso criar a cultura, dentro da universidade, de usar a tecnologia para ensinar.”

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