Polícia Federal passará a investigar Máfia da Merenda em SP

A transfarência ocorreu pois quase todo os recurso desviados seriam provenientes do governo federal; processo tem 16 mil páginas

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Por Rene Moreira
Atualização:
Estudantes fizeram protesto e ocuparam o plenário da Assembleia pela instalação de uma CPI para investigar o esquema Foto: Estadão

RIBEIRÃO PRETO - O Ministério Público Estadual e a Justiça de Bebedouro, no interior de São Paulo, anunciaram nesta quarta-feira, 15, o envio das investigações sobre as fraudes nos contratos da merenda à Justiça Federal. Com a medida, o caso passará a ser apurado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A transfarência ocorreu pois quase todo os recurso desviados seriam proveniente do governo federal, sendo uma pequena parte das prefeituras.

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Leonardo Romanelli, um dos promotores do caso, contou que a Justiça Federal já sinalizou de forma positiva, mas o processo deve demorar cerca de duas semanas para ser transferido de Bebedouro, local de origem das investigações, para Ribeirão Preto. Um dos motivos é o tamanho. "São oito volumes com mais de 16 mil páginas", contou.

Os contratos suspeitos de fraudes em prefeituras paulistas somam R$ 38,9 milhões e foram investigados durante a "Operação Alba Branca". O caso ficou conhecido como "Máfia da Merenda" e envolveu a Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), com sede em Bebedouro, que prestava serviço para dezenas de prefeituras do estado.

Capez. Segundo o apurado, servidores públicos e políticos estariam envolvidos no esquema e até 20% do valor do contrato acabava revertido em propina. Entre os nomes, foram citados em delação premiada o de ex-assessores do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez; o deputado nega qualquer envolvimento nas fraudes. Por ter foro privilegiado, ele não será investigado pela Justiça Federal, estando o caso com a Procuradoria-Geral de Justiça.

Em nota, Capez reforçou não ter qualquer envolvimento com o esquema. "Vale ressaltar que a apuração legítima e isenta realizada pela Controladoria-Geral da Administração demonstrou que o deputado não teve qualquer participação ou influência na celebração dos contratos", declarou. Ele afirmou desejar que "tudo seja rapidamente esclarecido, porque não tem nada a temer".