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Pobreza não 'sela destino' de desempenho ruim, diz estudo

Levantamento do Cenpec feito a pedido da reportagem mostra, com microdados do Ideb, os fatores que levam uma escola a melhorar ou piorar o desempenho de seus alunos

Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

SÃO PAULO - O nível socioeconômico é um dos fatores que mais impactam o desempenho da escola, mas não “sela” o destino dessas unidades. Características como oferta de reforço escolar, maior presença e menor rotatividade dos professores, menor número de falta dos alunos e até o acesso prévio à pré-escola ou creche pode fazer com que os alunos atinjam resultados mais satisfatórios, ainda que em condições de pobreza.

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É o que aponta um levantamento realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), a pedido da reportagem do Estado. Para realizar o estudo, o Cenpec utilizou os microdados do Ideb de 2009 a2013 (os de 2015 ainda não foram divulgados), mostrando as características das escolas que apresentaram melhora ou piora na nota neste período.

Um aumento na proporção de alunos de classe D e E, de fato, pode impactar a nota da escola:a cada 1% a mais de alunos nestas faixas, em relação aos de classe A e B, a estimativa é que haja uma redução de melhorar a nota em 4%. Se os alunos repetiram alguma série, também há mais chance de nota mais baixa: 3,3%. 

Mas um dos fatores que mais impactam a melhor dos estudantes está relacionado à escola: se a unidade oferecer reforço escolar, a chance de elevar a nota é de 48,4%. Por outro lado, se os professores da escola faltam, a chance de melhorar a nota cai 19,1%.

O estudo também levantou os fatores que fazem as escolas públicas com melhor desempenho piorarem. Se os alunos da escola faltam muito, por exemplo, a chance de a nota piorar aumenta 46,8%. O histórico dos estudantes também conta: ter feito pré-escola ou creche faz com que a chance de a nota da escola diminuir caia em 1,3%.

Veja as principais relações identificadas no estudo do Cenpec nas tabelas abaixo. 

Anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano)

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Variáveis estatisticamente significativas para a mudança ou não da escola da faixa dos Idebs mais baixos, impacto na chance de mudança de faixa e intervalos de confiança

 

Estimativa

Limite inferior

Limite superior

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes Classe C (em relação aos de A e B)

-1,8%

-2,6%

-1,0%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes Classe D (em relação aos de A e B)

-4,0%

-4,6%

-3,3%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes Classe E (em relação aos de A e B)

-3,8%

-4,6%

-2,9%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes que repetiram anos

-3,3%

-3,7%

-2,8%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes que trabalham

-6,2%

-6,9%

-5,6%

Escola pertencer à rede municipal

66,2%

35,9%

103,8%

Escola oferecer reforço escolar

48,4%

24,8%

77,1%

Professores da escola faltam (na opinião do diretor)

-19,1%

-28,7%

-8,4%

Anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano)

 Variáveis estatisticamente significativas para a mudança ou não da escola da faixa dos Idebs mais baixos, impacto na chance de mudança de faixa e intervalos de confiança

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Estimativa

Limite inferior

Limite superior

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes das Classes A e B

1,4%

0,8%

2,0%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes das Classe C e D

-0,6%

-1,1%

-0,1%

Aumento de 1 p.p. na proporção de estudantes que fizeram pré-escola ou creche

-0,8%

-1,4%

-0,3%

Escola oferecer reforço escolar

42,4%

20,5%

68,7%

Ocorrência de alguma rotatividade dos professores (na opinião do diretor)

24,8%

9,8%

41,8%

Alunos da escola faltam (na opinião do diretor)

-24,3%

-34,1%

-13,1%

Professores da escola faltam (na opinião do diretor)

-20,3%

-30,6%

-8,6%

 

Fonte: Cenpec

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