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Militantes do movimento negro ocupam reitoria da Unesp

Ativistas algemaram-se às catracas de acesso ao prédio e deram início a uma greve de fome

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

Cinco integrantes da Educafro, ONG que luta pela inclusão de negros e brancos pobres nas universidades brasileiras, algemaram-se às catracas de acesso à reitoria da Unesp, no centro de São Paulo, e iniciaram uma greve de fome na manhã desta terça-feira, 13. O protesto é uma forma de exigir que a universidade adote medidas de inclusão de negros, brancos pobres, indígenas e portadores de necessidades especiais. Segundo o frei David Santos, um dos fundadores da ONG, o protesto só irá acabar quando a Unesp reunir o Conselho Universitário para aprovar mudanças na forma de acesso.

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"Nós queremos que o reitor da Unesp convoque uma reunião extraordinária do Conselho Universitário e defina um plano de inclusão igual ou melhor do que o plano aprovado pelo Congresso Nacional", afirmou, referindo-se à chamada Lei de Cotas, sancionada em outubro pela presidente Dilma Rousseff e que definiu a reserva de 50% das vagas em universidade federais para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas.Em nota, a Unesp disse que "tal atitude ocorre justamente num momento em que o governador do Estado de São Paulo chamou recentemente os reitores de USP, Unesp e Unicamp demandando uma ação rápida na questão de um plano de inclusão" e que "a correspondência a nós enviada menciona que nada vem sendo feito, o que não corresponde aos fatos, inclusive porque a própria Unesp recebeu, em 28 de junho, comitiva da Educafro em seu Conselho Universitário". A Educafro afirma que, apesar do diálogo com a universidade, nenhuma atitude concreta tem sido tomada. Segundo frei David, além dos cinco integrantes algemados, há ainda uma "equipe de apoio" formada por 20 pessoas. No ano passado, a ONG realizou protesto semelhante. O ato durou dois dias, encerrando com a convocação do conselho universitário.

Cotas

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) criou recentemente uma comissão para discutir propostas de inclusão social. A ideia é chegar a um consenso e submeter o assunto ao governador Geraldo Alckmin. De acordo com a Assessoria de Imprensa da USP, no dia 4 de dezembro haverá um seminário sobre inclusão social no auditório da Faculdade de Medicina Veterinária, cujas propostas serão analisadas posteriormente pelo Conselho Universitário da instituição, que tem poder deliberativo. Em nota, a Unicamp afirma que é "pioneira na implantação de ações afirmativas visando a inclusão social com mérito acadêmico", fazendo referência ao PAAIS - instituído em 2004 e que dá pontos extras na nota final da segunda etapa do vestibular - e ao Profis, que criou 120 novas vagas aos melhores alunos de escolas públicas de Campinas. As medidas, porém, não atendem às demandas da Educafro. "O protesto (na Unesp) está dirigido às três universidades. Já temos um processo contra a USP, que está bem adiantado, e com a Unicamp vamos retomar no começo do ano que vem", disse frei David.

* Atualizada às 18h15

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