Mercadante defende diálogo para impasse das escolas ocupadas

Segundo o ministro, separar alunos pode ajudar na aprendizagem, mas em SP, mudança tem chance de causar transtornos

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Por Julia Lindner
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BRASÍLIA - O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira, 25, que só o diálogo será capaz de superar os impasses das escolas públicas ocupadas em São Paulo. Segundo Mercadante, do ponto de vista pedagógico, existe a reflexão de que separar os alunos por faixa etária pode contribuir para o processo de aprendizagem. Por outro lado, ainda de acordo com Mercadante, em um Estado como São Paulo, onde a mobilidade é um grande problema, a mudança é muito complexa e pode trazer transtornos para as famílias. 

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"Tenho certeza que o secretário da educação, que é muito competente e experiente, deve estar buscando compreender esses impactos para encontrar uma solução. A situação atual prejudica a todos e há uma tensão muito grande", disse. Mercadante afirmou que já enfrentou problemas semelhantes como ministro - ao longo de quatro anos, foram mais de oito meses de greve no total. "Isso não pode continuar, os alunos não podem ficar tanto tempo sem aula. Tem de haver uma discussão de responsabilidade em relação ao direito de greve" 

"Se fosse na saúde, em um hospital, por exemplo, a greve acabaria mais rápido, pois as pessoas sentiriam dor, haveria risco de morte e a pressão seria muito grande. A ignorância não dói, mas prejudica o País. Precisamos buscar o diálogo e superar esse impasse", afirmou o ministro ao instalar fórum permanente para acompanhamento da atualização progressiva do valor do piso salarial nacional para os professores do ensino público. 

Verbas. Entre as pautas do fórum, está a possibilidade de alteração na Lei Nacional do Piso Salarial dos Professores, com uma proposta mais compatível com as receitas dos municípios e dos Estados. "O que me preocupa são propostas de desvincular toda a verba da educação, que representariam um retrocesso." Mercadante afirma que desde 2011 os professores tiveram um aumento real no piso de 45% acima da inflação, mais que o próprio salário mínimo, porém, esse crescimento não tem sido acompanhado do aumento da receita.

"Eu não vejo outro caminho que não seja melhorar a receita do Estado. Principalmente criar uma receita que seja rápida, que seja votada agora, como a CPFM, que cobra da pessoa física e jurídica, que cobra da economia formal e informal e é uma contribuição relativamente pequena para políticas que são fundamentais, como educação e saúde", disse o ministro. 

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