SÃO PAULO - O lobista Marcel Julio, apontado como operador da máfia da merenda em São Paulo, obteve uma liminar da Justiça que dá a ele o direito de ficar calado na CPI da Merenda na Assembleia Legislativa (Alesp). O depoimento dele está marcado para esta terça-feira, 13, junto com outros três depoentes.
O desembargador Sérgio Rui, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, acolheu parcialmente o pedido feito pelo advogado José Adriano de Olveira, que defende Marcel, e também garantiu ao lobista o direito de não assinar o termo de compromisso de dizer a verdade, exigido pela CPI, e de não se incriminar. A decisão seria enviada ao presidente da comissão, Marcos Zerbini (PSDB).
A CPI investiga suspeitas de fraudes em contratos da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) e ao menos 22 prefeituras paulistas para o fornecimento de suco de laranja da merenda escolar. Personagem central da Operação Alba Branca, que desmontou a quadrilha em janeiro deste ano, na cidade de Bebedouro, Marcel Julio era visto como homem-bomba da CPI e peça-chave para a investigação sobre o núcleo político do esquema.
Em abril, o Estado revelou que o lobista disse em sua delação premiada à Procuradoria-Geral de Justiça que teve encontros com o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), e que o tucano exigiu dinheiro para sua campanha eleitoral. Segundo Marcel, parte dos R$ 490 mil em propinas que afirma ter entregue a dois aliados de Capez foi destinada à campanha do tucano em 2014.
Em seu relato, o lobista disse que levava dinheiro em espécie para Merivaldo dos Santos e Jeter Rodrigues, servidores da Assembleia e ex-funcionários do gabinete do presidente da Casa. Todos negam as acusações. Rodrigues está entre os depoentes da sessão desta terça-feira. Merivaldo e Capez foram convocados para depor na quarta-feira, 14.
Marcel Julio teve a prisão decretada em janeiro na Operação Alba Branca por envolvimento com a organização que fraudava licitações de merenda escolar, mas só se entregou em abril à Policia Civil em Bebedouro. Após o Tribunal de Justiça de São Paulo homologar sua delação, o lobista foi colocado em liberdade, ainda naquele mês.