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'Instituições precisam de flexibilidade', diz pesquisador

Para o especialista Simon Schwartzman, as universidades públicas têm um modelo burocrático que dificulta as decisões

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Por Redação
Atualização:

Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo

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SÃO PAULO - Apesar de relações polêmicas, como a oferta de cursos pagos, e críticas por falta de transparência, a interação da universidade pública com o setor produtivo é um desafio que as instituições precisam enfrentar. Segundo especialistas, o ensino superior precisa de instrumentos para lidar com a burocracia e as fundações privadas de apoio acabam sendo mais ágeis.

O pouco diálogo com o mercado é apontado como um dos motivos para o baixo impacto da ciência do Brasil no cenário internacional. Para Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets) no Rio de Janeiro, as universidades públicas têm um modelo burocrático que dificulta as decisões. “O fortalecimento das fundações foi importante e fico preocupado com o movimento contrário. As instituições precisam de flexibilidade”, diz ele, conceituado estudioso de ensino e pesquisa. Schwartzman ressalta que desvios têm de ser resolvidos. “É necessária a transparência e, evidentemente, há casos melhores e piores de gestão. Mas as universidades precisam desses modelos e dos recursos.”

O economista Claudio de Moura Castro defende que o debate sobre o tema seja mais “ideológico” que racional. “Sem as fundações não há pesquisa no País. A burocracia pública é tão terrível que não se trata de gostar ou não do modelo”, diz ele, que já dirigiu a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Ou se reforma a contabilidade pública ou não há a mais remota possibilidade de não contar com essas opções. Sem as fundações, não há pesquisa.”

Crítico ao modelo, o professor Ciro Correia, presidente da Associação de Docentes da USP (Adusp), indica que as universidades poderiam ser protagonistas nesse processo. “A burocracia da universidade não é ágil. Mas o argumento é usado para garantir aumentos salariais de professores, e a maioria dos trabalhos atendem apenas o mercado”, diz. “Por que as universidades não criam setores de convênios, com maior transparência? Uma fundação pública é um caminho.”

Dados da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) indicam que o dinheiro privado responde por 5,1% do financiamento de pesquisas da USP.O professor de Direito Administrativo Carlos Ari Sundfeld pondera as vantagens e desvantagens. “Há uma crítica porque os mecanismos de controle quase sempre são internos. Mas há benefícios indiretos dessa relação”, diz ele, docente do curso de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O Ministério Público tem uma curadoria de fundações. Em São Paulo, o promotor Airton Grazzioli, responsável pela fiscalização, não respondeu aos pedidos de entrevista.

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