iFriends, a porta para a USP

Programa criado para estimular alunos a serem tutores de estrangeiros recebeu 987 inscrições em um fim de semana

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

Recém-formado pela Poli, o engenheiro mecânico Thiago Cabral, de 27 anos, não guarda boas lembranças da recepção que teve em Pádua, norte da Itália, onde fez intercâmbio acadêmico entre 2009 e 2010. “Não havia uma pessoa específica na universidade para me ajudar a localizar na cidade ou inscrever nas matérias. Tive que sair perguntando.” De volta ao Brasil, ele se esforçou para que estrangeiros na USP não passassem pela mesma situação. Inscreveu-se no programa iFriends e virou tutor de uma chilena. “Não custa nada ajudar o pessoal de fora. É uma oportunidade de conhecer culturas e praticar línguas.”

 

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A universidade criou o iFriends após observar ações informais de estudantes para receber intercambistas. O programa recruta voluntários dispostos a servir de tutores de estrangeiros. Só no fim de semana de estreia, em agosto, o iFriends recebeu 987 inscrições.

 

A aluna da FEA Marianne Rosal, de 21, nunca saiu do Brasil, mas pretende fazer parte da graduação em Administração na França. Por isso, escolheu tornar-se “amie” de um estudante daquele país. “A namorada dele e um amigo também vieram para a USP, então acabei ajudando todos.” Marianne aproveitou para se informar sobre universidades francesas: sonha com a Sorbonne, mas agora considera ir para a Sciences Po, onde estudam os intercambistas.

 

Benjamin Devisme, de 21, aprovou a tutora, apesar de os contatos terem sido esporádicos e restritos à Cidade Universitária. É que Marianne, além de estudar, trabalha e participa de um grupo de pesquisa e da empresa júnior da FEA. “Ela tem uma vida superacelerada. Na França ninguém acha que um jovem brasileiro faz tudo que a Marianne faz”, diz Benjamin, que pretende ficar no Brasil por mais um semestre. “Mas é normal que amigos não se vejam com tanta frequência. O que importa são os momentos que passamos juntos.”

 

O espanhol Jesus Fernandéz, de 24, achou "perfeita" a ajuda de sua iFriend na FAU. Aluno de Arquitetura na Universidade de Granada, ele diz ter se guiado pela intuição para escolher São Paulo como lar temporário. "Aqui tudo é grande, demora muito, você sempre precisa caminhar bastante. Então foi bom ter alguém que conhecia a cidade para me orientar." O estudante chegou ao Brasil no meio deste ano e só retorna depois do carnaval. Até lá, quer conhecer o Sul, o Nordeste e a Amazônia.

 

Samara Falcão lembra do dia em que conheceu Jesus - o estudante. "Combinamos na FAU e foi engraçado. A gente tinha trocado e-mail, mas um não sabia a cara do outro. Mas quando o vi, não tive dúvidas de que era o estrangeiro", conta a garota, do 3.º ano de Arquitetura da FAU. Naquele dia, ele presenteou o intercambista com um celular com número do Brasil e os dois saíram para almoçar. "Meu espanhol estava tão enferrujado que tivemos de falar inglês na primeira semana para conseguir nos comunicar. Depois eu comecei a falar só português", diz Samara.

 

Além de mostrar a FAU a Jesus - onde ficam os banheiros, os estúdios, a biblioteca, etc. - Samara deu dicas de como ele poderia aproveitar as disciplinas. "Falei para ele não fazer Design de Objeto, uma matéria super chata", lembra a estudante. Assim como Marianne, Samara acumula empregos e não vê seu "discípulo" com tanta frequência. "Mas Jesus é super gente boa e comunicativo. Em três semanas ele já tinha um monte de amigos", afirma. "Todo mundo adora Jesus na FAU."

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Serviço

 

USP iFriends - www.ccint.usp.br/iFriends

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