Governo estadual recua e escola de Piracicaba não será fechada

É a primeira vez que a Secretaria Estadual de Educação volta atrás no processo de reorganização da rede; caso é 'exceção', diz dirigente de ensino

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Por Luiz Fernando Toledo
Atualização:

Atualizada às 21h49

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A Secretaria da Educação recuou e revogou, pela primeira vez, o fechamento de uma das 94 escolas no processo de reorganização da rede de ensino paulista. A Escola Augusto Melega, em Piracicaba, no interior, continuará em 2016 com classes do 6.º ao 9.º ano do ensino fundamental e do médio.

O colégio estava na lista de reorganização proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), que prevê um aumento de unidades de ciclo único e fechamento de escolas com classes ociosas. Após estudo interno da diretoria regional de Piracicaba, foi constatado que a Augusto Melega tem demanda para ao menos sete salas de aula no ano que vem.

A decisão de manter a escola aberta aconteceu após a comunidade rural, mães de alunos e estudantes pressionarem o Ministério Público e a Diretoria de Educação. “Foi uma aula viva de cidadania. Fizemos valer o que manda a Constituição: ter o direito e acesso à educação”, comemorou Alexsandra da Silva Soveges, do grupo de mães da escola.

Alunos protestam em favor da manutenção da escola Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Após reunião com as mães dos alunos, a promotora da Infância e Juventude Milene Telezzi Habice instaurou inquérito, no dia 3, e encaminhou ofício à Diretoria de Educação para cobrar as razões do fechamento da unidade.

Ao Estado, o diretor regional de ensino de Piracicaba, Fábio Augusto Negreiros, disse que a decisão de fechar a escola se baseou no transporte escolar dos alunos e no georreferenciamento. Sobre a ação da promotoria, Negreiros disse que já se reuniu com o Ministério Público Estadual (MPE) e reiterou que a unidade não será fechada.

“Eu entendo que não foi um erro. Entretanto, nós tivemos o bom senso de ouvir o outro lado. Não foi uma decisão autárquica. Fizemos várias reuniões e quando a comunidade nos explicou questões peculiares, nós adequamos a situação”, considerou Negreiros.

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De acordo com dados do Censo Escolar de 2014, 165 estudantes estavam matriculados no ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano) e 77 no ensino médio da Augusto Melega. A unidade tem 27 funcionários. No ano passado, teve uma taxa de aprovação de 94,8% de seus estudantes no ensino fundamental e 92% no médio. Já no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal indicador de qualidade educacional do País, o colégio obteve nota 5,1, em 2013, abaixo do esperado pelo governo federal (5,2).

A aluna do 2.º ano do ensino médio Amanda Rodrigues Pereira Ribeiro, de 16 anos, sente-se orgulhosa de ter participado da organização. “Nós ficamos sabendo que a escola ia fechar pela imprensa. Montamos grupos para organizar manifestações. Todos foram muito bem. Gostei do que fizemos pela escola.”

Em nota, a Secretaria Estadual da Educação afirmou que a Augusto Melega saiu da lista de escolas fechadas “há mais de duas semanas” e que não houve relação entre a ocupação dos colégios no Estado e a decisão.

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