Fies pode triplicar alcance nos próximos anos, mas com menor impacto nas empresas listadas

Programa será o responsável por elevar o número de matrículas em todo o setor privado

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Por Gabriela Forlin e da Agência Estado
Atualização:

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) deve triplicar o alcance nos próximos anos, passando a atender mais de 250 mil novos alunos (calouros) por ano a partir de 2014, além de dezenas de milhares de veteranos, segundo o fundador da consultoria Hoper, Ryon Braga. Apesar do crescimento, o executivo acredita que o impacto nas empresas do setor com capital aberto será menor do que o visto desde 2010 até agora. "Isso porque as demais instituições de ensino superior estão aprendendo a divulgar melhor o Fies para os alunos, enquanto as listadas já fazem uma ótima campanha interna", explicou o executivo em entrevista à Agência Estado. "No entanto, o programa será o responsável por elevar o número de matrículas em todo o setor privado a uma taxa de crescimento ao ano próxima a 7% pelos próximos três anos", complementou. Ontem, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que o Fies atingiu 305,8 mil contratos firmados este ano. Apenas no primeiro semestre, 208 mil alunos contrataram o financiamento (ante 153,9 mil em todo o ano de 2011 e 75,9 mil em 2010). De acordo com o diretor de gestão de fundos e benefícios do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Antônio Corrêa Neto, são esperados 350 mil contratos em 2012, mas Braga acredita que o número deve passar de 400 mil. Segundo o executivo, nem os programas de crédito universitário privados, como o Pravaler (da Ideal Invest em parceria com o Itaú Unibanco), irão interferir na expansão do programa do governo. "Os créditos privados é que irão perder espaço para o Fies, pois as taxas de juros do financiamento público são muito menores, e ainda há a modalidade que exime a necessidade de fiador", explicou. O governo tem o desafio de alcançar 10 milhões de alunos no ensino superior até 2020 (ante os 6 milhões matriculados atualmente). De acordo com Braga, há cerca de 11 milhões de alunos elegíveis para se matricular em uma faculdade, mas que não têm condições de arcar com os custos das mensalidades. "Estimamos que, dentro de alguns anos, 40% dos alunos matriculados no ensino superior vão ter algum tipo de auxílio financeiro (bolsas de escola ou crédito estudantil), ante os 17% contabilizados hoje. Nos Estados Unidos, por exemplo, o índice hoje é de 72%", comentou. Além da expansão do programa, ele acredita que, em breve, o financiamento estará acessível também para cursos de ensino a distância. Hoje, apenas os alunos da graduação presencial são elegíveis. Participação Em um ponto os executivos das três maiores empresas de Educação listadas na Bovespa concordam: o Fies é o grande responsável pelas ótimas taxas de captação de alunos, bem como tem auxiliado na retenção, na diminuição da evasão e no controle da inadimplência. Ao final de julho, a Anhanguera somou 51,8 mil alunos da modalidade, o que representa pouco menos de 20% da sua base de alunos da graduação presencial. Já á Estácio, ao fim do segundo trimestre, contabilizou 30,3 mil alunos que financiam seus estudos com o programa do governo e representam 15,1% da base de alunos presenciais. Segundo o diretor de desenvolvimento e relações corporativas da Estácio, João Barroso, se a empresa mantiver o mesmo ritmo, alcançará a marca de 40 mil alunos cadastrados no programa no fim de 2012. Ao mesmo tempo, o Fies atingiu 43,3 mil alunos da Kroton ao fim de junho, representando 33,9% da base total de alunos da graduação presencial da empresa.

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