FGV realiza vestibular para curso de Economia em SP

Primeira fase do processo seletivo, neste domingo, teve duas provas com questões de múltipla escolha

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Por Carlos Lordelo
Atualização:

SÃO PAULO - A Escola de Economia da FGV em São Paulo realizou a primeira fase de seu vestibular neste domingo, 4. Os candidatos disputam 50 vagas no primeiro semestre de 2012. O curso exige dedicação integral dos alunos, com aulas de manhã e à tarde.

 

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O processo seletivo é divido em duas fases. Nesta primeira etapa, os estudantes fizeram questões de múltipla escolha. Pela manhã, eles responderam a 75 testes sobre matemática, biologia, história e geografia. À tarde, resolveram 60 questões de inglês, física, química e língua portuguesa.

 

O resultado da primeira fase será divulgado em 12 de dezembro, no site www.fgv.br/eesp/vestibulares. Serão classificados para a segunda etapa os 200 participantes com as médias mais altas nas provas objetivas.

 

A segunda fase ocorre em 18 de dezembro, quando os candidatos fazem provas discursivas de matemática, língua portuguesa e redação. O resultado final do processo seletivo sai no dia 9 de janeiro de 2012.

 

Tempo curto

 

Sobre a prova aplicada de manhã, os professores do cursinho CPV consideraram as partes de matemática, com 30 testes, e de biologia, com 15, as mais difíceis. No site www.cpv.com.br é possível consultar a correção comentada do exame.

 

"Matemática trouxe questões conceituais. Elas não exigiam um trabalho braçal muito grande, mas o aluno tinha que interpretar o texto, modelar a resolução de acordo com o assunto do problema e tentar resolvê-lo", diz Geraldo Akio Murakami. O professor também reclamou da duração do exame. "Por mais preparado que o aluno esteja, ele tem pouco tempo, cerca de 3 minutos, para resolver cada questão da prova como um todo."

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Para Murakami, é muito difícil o aluno conseguir acertar todas as 30 questões de matemática, pelo nível de complexidade e pela escassez do tempo. "A prova é boa, mas o candidato não faz só testes de matemática." O professor espera que a segunda fase "não seja tão difícil como esta". "Poderiam fazer um exame mais discriminatório, com questões fáceis, médias e difíceis."

 

O professor de biologia João Francisco Tamayo afirma que a prova precisa ser mais bem direcionada para atender ao objetivo de selecionar futuros alunos de Economia. Segundo ele, quatro questões apresentavam nível de dificuldade acima do previsto quando se avalia candidatos recém-saídos do ensino médio. Como exemplo, ele cita o teste 36, sobre fisiologia humana. "A banca poderia abordar o assunto (no caso, formação da urina) de uma forma mais clara."

 

Boa distribuição

 

Já os professores de história e geografia do CPV disseram que a prova teve nível médio de dificuldade e conseguiu equilibrar a cobrança de conteúdos.

 

Segundo Eduardo Duique, que leciona história, 8 questões eram sobre história do Brasil e 7 de geral. "Os quatro macroperíodos foram abordados", afirma. "Teve uma questão interessante, sobre a Comissão da Verdade, que aproximou o conteúdo de um tema da atualidade."

 

Alex Perron, docente de geografia, considerou o exame "tranquilo". "Foi uma prova rica em análise de gráficos e mapas, que não fugiu do esperado e estava compatível com o nível dos candidatos", afirma. Caíram 8 testes de geografia do Brasil e 7 de geral.

 

Tradicional

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À tarde, os candidatos encontraram um exame tradicional e que contemplou os assuntos já esperados. Foram aplicados 15 testes de cada uma das disciplinas a seguir: português, inglês, física e química.

 

A prova começou com as questões de língua inglesa, todas elas baseadas em dois textos. O primeiro era sobre a crise econômica na Europa, publicado pela revista Business Week; e o segundo, sobre as ações adotadas pelo Banco Central brasileiro, extraído da revista The Economist.

 

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Chamou a atenção do professor do CPV Renato Aizenstein a atualidade dos textos. Os dois saíram no segundo semestre deste ano. "Os alunos antenados com o que está acontecendo no cenário internacional tiveram vantagem", afirma. Segundo ele, é uma característica do exame exigir o conhecimento de expressões do vocabulário econômico, a exemplo de inflação, câmbio e taxa de juros.

 

Em português, a prova da FGV manteve suas características: não cobrou literatura e trouxe muitas questões de gramática. "Este ano privilegiou-se a gramática tradicional mais do que em edições anteriores", comenta o professor Tiago de Souza Fernandes. Para ele, a FGV vai na contramão da Fuvest e faz um exame que cobra "decoreba". "Eles querem que o aluno decore regrinhas."

 

"Em nome dos professores de língua portuguesa, a prova é boa porque ressalta a necessidade de o aluno saber regras para escrever, o que alguns vestibulares não fazem. Por outro lado, talvez o exame exagere e seria legal privilegiar mais a interpretação de textos", pondera Fernandes.

 

Questão sem resposta

 

Na opinião do professor de química Armando Muller, o vestibular trouxe questões diretas, com quase nenhuma contextualização. "Por ser uma prova muito longa, não poderia ser diferente", afirma. "Esta é uma prova de resolução imediata."

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Muller diz que o teste 109 não tem resposta porque nenhuma alternativa contempla o que pede o enunciado da questão, sobre forças intermoleculares. Segundo o professor, o gabarito oficial deve trazer como resposta o item A. Mas, para Muller, a substância 2 (um aldeído) reage com água numa ligação de hidrogênio, e não do tipo dipolo-dipolo.

“Se a ligação fosse entre moléculas de aldeído, seria do tipo dipolo-dipolo. Mas quando você coloca com água, torna-se uma ligação de hidrogênio”, explica Muller.

 

Conhecimentos gerais

 

O professor de física Takeshi Kamieda também sentiu falta de mais contexto nos enunciados das questões. "A FGV faz uma prova bem geral, que cobra os assuntos mais importantes da disciplina", diz. Segundo ele, o fato de caírem 8 testes sobre mecânica estava dentro do previsto. "O exame não cobrou equações muito específicas, só as mais básicas."

 

* Matéria atualizada às 21h para incluir os comentários da prova da tarde

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