Extremos da Fuvest

A vaga mais disputada do vestibular não é da USP, mas da Academia de Oficiais da PM; na lanterna do ranking de demanda estão 2 cursos jovens, criados em 2005 e 2009

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Por Paulo Saldaña
Atualização:

Quem passa na carreira mais concorrida do vestibular da Fuvest não entra na Universidade de São Paulo. Com relação candidato/vaga de 45,8, o curso de Oficial da Polícia Militar da Academia do Barro Branco (masculino) lidera pelo 2º ano consecutivo a concorrência do maior vestibular do País.   Rafael de Mello Cambuy Ferreira, de 18 anos, é um dos 2.752 inscritos para as 90 vagas abertas este ano. "Sempre quis ser policial, é uma coisa que nasceu comigo", diz Rafael, que faz cursinho no Anglo. "Vou tentar até quando eu puder, até passar."   O Barro Branco forma oficiais da Polícia Militar, que já saem com bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública. São quatro anos de curso, os dois primeiros em regime de internato. No currículo, aulas que vão de Direito a tiro, tudo guiado por um rígida disciplina.   Segundo o coronel Marco Antonio Alvez Miguel, comandante da academia, o principal atrativo da carreira é a estabilidade profissional. "O aluno recebe bolsa do Estado e não precisa se preocupar com mercado de trabalho." O salário começa em R$ 1.700 e sobe para R$ 3 mil no 4.º ano. Para quem quer entrar na academia, a Fuvest é apenas uma das etapas a serem superadas. Depois do vestibular, há exames psicológico e físico, seguidos de uma investigação social.   Primeiro colocado no último processo seletivo para o Barro Branco, Filipi Cassavara, de 21 anos, sabe da importância de se preparar para essas etapas. Ele ficou em 5.º lugar entre os candidatos à academia na Fuvest, mas os quatro que estavam à sua frente foram reprovados no exame de aptidão física. "Não pode só estudar, tem que treinar. A rotina deve abranger todas as áreas, inclusive o lado psicológico", diz Filipi. No ano anterior, ele é que tinha sido reprovado, no exame psicológico: foi considerado muito ansioso.   2 candidatos/vaga A Fuvest ainda não divulgou a relação candidato-vaga de todos os cursos deste vestibular. Em 2008, dois deles ficaram com o título indesejável de menos procurados: Engenharia de Biossistemas, no câmpus de Pirassununga, e Ciências da Natureza, na USP Leste. Ambos têm apenas 2,27 candidatos por vaga.   Ciências da Natureza surgiu em 2005 para formar professores para o ensino fundamental. Mercado de trabalho não é problema para os profissionais da área. "A demanda é enorme e eles estão sendo cada vez mais valorizados", garante a coordenadora suplente do curso, Káthia Maria Honorio.   A abordagem multidisciplinar chamou a atenção do físico Emerson dos Santos, de 35 anos. "Sentia falta de um conhecimento mais amplo para trabalhar com ciências", diz Emerson. Ele se forma este ano, mas já trabalha na Estação Ciência, da própria USP.   Ao contrário de Emerson, Mariana Padilha de Souza, de 20, decidiu fazer Engenharia de Biossistemas exatamente porque não quer ser professora. "Gosto de Exatas e Biológicas e o curso me atraiu porque junta as duas", diz Mariana, aluna do cursinho Objetivo de Pirassununga. A graduação é integral e aborda temas aplicados à agricultura e à criação de animais. Como o curso só começou a funcionar em 2009, a expectativa da Fuvest é de que a concorrência aumente neste vestibular.  

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