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Estudantes são algemados por guardas municipais em protesto no interior

Grupo protestava contra a reforma do ensino médio em Campinas; seis alunos detidos são menores

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:
Alunos caminhavam com cartazes e se aproximavam da Escola Estadual Newton Pimenta Neves, quando houve o confronto Foto: WAGNER SOUZA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS

SOROCABA - Sete estudantes foram detidos depois de entrar em confronto com a Guarda Civil Municipal, durante protesto contra a proposta de reforma do ensino, na manhã desta terça-feira, 18, em Campinas, interior de São Paulo. Seis deles eram menores e todos foram algemados, enquanto eram levados de viatura para a Delegacia da Polícia Civil. Os GMs usaram gás de pimenta e armas de choque contra os estudantes. A Guarda Municipal alega que os manifestantes atacaram as viaturas da GM com pedradas. Uma delas teve o para-brisas quebrado e um guarda foi atingido por uma pedrada, segundo a GM. 

A manifestação, que também protestava contra a PEC 241, que fixa um teto para os gastos do governo federal, teve início na Avenida Suaçuna, no Jardim Aeroporto, distrito de Ouro Verde. Cerca de 150 alunos de cinco escolas estaduais, segundo a GM - 300 segundo os manifestantes -, caminhavam pela avenida com cartazes e se aproximavam da Escola Estadual Newton Pimenta Neves, quando houve o confronto. De acordo com um professor que acompanhava o protesto, os alunos estavam bloqueando o trânsito e os guardas ficaram irritados. Eles também temiam que a escola, que foi ocupada na semana passada, voltasse a ser invadida.

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De acordo com os manifestantes, os guardas estavam armados e usaram spray de pimenta para reprimir o protesto. Além da Pimenta Neves, a manifestação tinha alunos das escolas estaduais Eliseu Narciso, Orlando Signorelli, Professora Cecília Pereira e Eduardo Barnabé. Pais de alunos acompanhavam a manifestação e tentaram impedir que os jovens fossem levados na "celinha" das viaturas. Uma mulher chegou a passar mal, mas não precisou de atendimento médico.

O advogado que representa os manifestantes, Rodrigo Mingoci, disse que os guardas usaram também armas de choque para dominar os estudantes. Pelo menos dois foram derrubados dessa forma. Segundo Mingoci, que acusa os guardas de ação truculenta, os dois estudantes vão passar por exames no Instituto Médico Legal (IML). 

Em nota, a GM informou que os agentes foram recebidos a pedradas e que, além da viatura danificada, um agente foi atingido no pescoço. A corporação admitiu o uso de algemas e armas de contenção. "Os rapazes se mostraram agressivos e precisaram ser contidos com equipamentos de segurança e o uso progressivo da força, como determina a lei", disse a corporação. 

O Conselho Tutelar de Campinas informou que o emprego de força contra menores só é admitido em casos especiais e que vai apurar os fatos. Os estudantes foram ouvidos na 2ª Delegacia Seccional da Polícia Civil e liberados. O único maior pode responder pelo crime de dano. Os menores serão ouvidos nesta quarta-feira, 19, pelo Ministério Público e podem responder por atos infracionais.

O Departamento Regional de Ensino informou que as aulas não foram afetadas. No último dia 11, um grupo de estudantes ocupou a Escola Pimenta Neves, no Jardim Aeroporto. Dois dias depois, uma tropa da Polícia Militar entrou na escola e fez a desocupação à força, apreendendo 20 estudantes - 14 deles menores de idade.

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