Estudantes de Harvard suspeitos de fraude pedem licença

Com o recurso, alunos se livram de uma possível suspensão

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Por Redação
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Alguns dos estudantes de Harvard suspeitos de envolvimento em um escâncalo de fraude, diante do fim dos prazos acadêmicos e financeiros, decidiram tirar uma licença em vez de correrem o risco de serem suspensos por um ano, de acordo com pessoas informadas sobre o caso. A informação é do site do New York Times.

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Harvard se recusou a confirmar ou negar uma notícia publicada nesta terça-feira, 11, pela Sports Illustrated (revista esportiva dos Estados Unidos). A informação seria de que um de seus pricipais jogadores de basquete, Kyle Casey, estaria entre os estudantes que pediram afastamento. Ainda de acordo com a instituição, o aluno não foi encontrado para comentar o caso. A universidade também não disse quantos estudantes até agora pediram licença voluntária, ou quantos deles são atletas.

Esta terça foi oficialmente o último dia para que os graduandos pudessem se afastar sem que se  responsabilizassem pelo pagamento de mensalidades, apesar da possibilidade das centenas de dólares em taxas, alojamentos e refeições ainda pudessem ser cobradas. Um calendário escolar publicado incorretamente por Harvard, no entanto, apontou o fim de prazo como esta quarta-feira, 12, o que o que fez com que a universidade adotasse o dia como data final para o pedido gratuito de licenças.

No último dia 30, a universidade revelou que estava investigando a possibilidade de que quase metade dos estudantes de um curso de graduação terem cometido "desonestidade acadêmica" em um exame final que foi levado para casa, seja colaborando com as respostas ou plagiando-as completamente. Harvard não quis dizer qual era o curso, mas vários dos estudantes que foram acusados identificaram-no como um curso de governo, Introdução ao Congresso, que possui 279 alunos - o que significa que mais de 100 estavam sob suspeita, tornando este o maior caso de fraude na história da universidade.

O curso tinha uma reputação de fácil e pouco exigente. Por esta razão, um grande contingente de estudantes atletas o procuram, de modo a conciliá-lo com os compromissos com o esporte, de acordo com os alunos. Por razões que permanecem obscuras, no entanto, Mateus B. Platt, professor assistente que ministrou aulas à turma, tornou-o muito mais difícil no ano passado.

Cabe agora à Diretoria Administrativa do Harvard College olhar para o caso de cada aluno e julgá-los individualmente, o que deve levar meses.

Alguns dos estudantes disseram em entrevistas na semana passada que haviam produzido respostas quase idênticas no exame porque teriam compartilhado anotações ou buscado ajuda com estudantes graduados, seus companheiros de ensino, o que eles entenderam ser permitido. Outros reconheceram colaborar com os colegas, apesar das instruções explícitas sobre o teste para não o fazer. Ainda assim, disseram que o comportamento foi amplamente aceito pelo grupo.

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De acordo com as regras de Harvard, há uma série de punições possíveis para quem cola. A mais severa delas constitui-se na suspensão forçada por até um ano. Os atletas do time da universidade, entretanto, sofrem um risco adicional. Pelo regimento, um atleta tem no máximo quatro anos de elegibilidade para jogar pela instituição. Com uma suspensão de um ano, um desses quatro anos seria gastado. Um afastamento anterior à integração ao time, no entanto, poderia preservar a sua elegibilidade para um ano posterior.

Pelo menos alguns dos alunos sob investigação estão afastados ou têm planos para isso, de acordo com um funcionário de Harvard e um atleta que consultou alguns dos estudantes afastados. O estudante confirmou ainda que alguns dos que estão saindo são atletas. O anonimato foi garantido a essas duas pessoas por se tratar de um assunto que a universidade considera confidencial.

De 2005 a 2010, em média, 17 alunos por ano foram obrigados a sair por "desonestidade acadêmica". Mais de 200 por ano pedem afastamento voluntário pelas mais variadas razões.

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