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Estudantes da USP farão passeata até a Paulista

Funcionários ainda decidirão em assembléia se aderem ao protesto após confronto com a PM na terça-feira

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Por Redação
Atualização:

Estudantes da USP reunidos em assembléia na noite de terça-feira, 9, decidiram fazer uma passeata até a Paulista, a partir das 13 horas desta quarta-feira, 10. Os funcionários ainda decidirão em assembléia se aderem ao protesto, após o violento conflito com a Força Tática da Polícia Militar (PM) que deixou seis feridos na terça-feira. Veja também: PM nega violência e diz que ficará no câmpus Líder veterano das paralisações Ordem judicial justifica a PM na USP, diz Serra Reitora viu tudo pela TV e não recebeu comissãoGaleria de fotos: PM na USP O diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, afirmou nesta quarta-feira, 10, à Rede Record que a reitora Sueli Vilela não teria mais "condição moral" de continuar no cargo após a entrada da PM no câmpus da USP e que alguns diretores de unidades teriam pedido seu impeachment. Magno disse que o conflito foi iniciado quando policiais provocaram uma estudante enquanto os manifestantes voltavam do protesto. Os funcionários e estudantes reagiram com palavras de ordem contra à PM, que teria iniciado o ataque com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogêneo. A Reitoria da universidade, em comunicado divulgado na noite de terça-feira, disse que "lamenta" o confronto ocorrido e afirma que a presença da polícia é necessária para "garantir o direito de greve, dentro dos preceitos legais, e o direito de ir e vir dos servidores". O informe destaca que a decisão de promover a ação de reintegração de posse que motivou a presença de policiais no campus foi tomada pelo Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo da universidade. "A Reitoria lastima que a ação isolada de um grupo radical de manifestantes tenha provocado o confronto, inclusive com a depredação do patrimônio público, resultando em cenas inadmissíveis dentro do ambiente universitário, no qual o diálogo deve ser sempre privilegiado", conclui a nota. Confronto Os funcionários da USP estão em greve há mais de um mês. Alguns professores e alunos aderiram ao movimento na última sexta-feira, 5. O protesto, que começou de forma pacífica, contava com alunos e funcionários da Unesp e Unicamp e distribuía flores a quem passava pelo local, mas por volta das 17h começou o confronto. "Minha filha estuda na escola de Educação, só há crianças e adolescentes lá dentro, como eles podem jogar bombas?", gritava a jornalista e sindicalista Rosana Bullara. "Havia só seis policiais, quando os estudantes gritaram ´fora PM´, porque essa é mesmo uma de nossas reivindicações, e a PM veio com toda a violência", completou ela. A PM diz ter reagido às provocações dos alunos. "Na volta da manifestação, eles (alunos) provocaram os policiais motociclistas que estão garantindo a circulação. Acuaram os policiais que pediram socorro e a Força Tática teve que socorrê-los", disse o coronel Claudio Miguel Longo, comandante do 4º batalhão da PM. "O que fizemos foi tentar tirar os policiais do meio daqueles vândalos, porque aqueles não são estudantes." A polícia está desde a semana passada na USP ocupando prédios como o da reitoria e deve permanecer para cumprir ordem expedida pela 13ª Vara da Fazenda Pública, de reintegração de posse e resguardo do direito de ir e vir. Por volta das 19 horas, os alunos subiram em direção à Faculdade de História e Geografia enquanto os policiais se posicionaram em rua próxima. Houve novo confronto, só solucionado com a intermediação de deputados e professores. Após às 20 horas, o reforço policial deixou o câmpus. Três pessoas foram detidas e, após assinarem termo circunstanciado, liberadas no início da noite de terça-feira. O ex-funcionário da USP Claudionor Brandão, demitido em 2008 e diretor do sindicato dos funcionários (Sintusp), o técnico do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) Celso Luciano Almeida da Silva e o estudante da FFLCH José Ailton Dutra Junior devem responder por danos ao patrimônio público, desacato à autoridade e resistência à prisão. SAIBA MAIS Reivindicações Reposição da inflação de 6,1%, mais 10% para recuperar perdas históricas, além de R$ 200. Para os funcionários do Centro Paula Souza, a pauta pede reajuste de 10% e recomposição das perdas salariais. Democratização da estrutura administrativa, do funcionamento dos colegiados e da gestão financeira e patrimonial das universidades e do Centro Paula Souza. Funcionários e grupos de alunos e professores pedem eleição direta para reitor. Autonomia: defesa da autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial das universidades e do Centro Paula Souza, com revogação dos decretos do governo José Serra que, para eles, ferem a autonomia das universidades estaduais - motivo da invasão de 50 dias, em 2007. Contratações: pedem contratação por concurso público e revogação das políticas que terceirizam cargos. Pedem garantia da manutenção do emprego dos atuais 5.214 ocupantes de vagas da USP que estão sendo contestadas pelo Tribunal de Contas. Ensino a distância: o Fórum das Seis é contra o ensino a distância em todos os níveis educacionais. Quer o fim da licenciatura à distância criada neste ano para professores da rede pública. Permanência estudantil: querem dotação orçamentária específica para políticas de acesso e permanência estudantil e sua ampliação nas universidades estaduais e no Centro Paula Souza. E construção de moradia estudantil e restaurante universitário em todos os câmpus das universidades estaduais paulistas. A proposta do Cruesp A USP ofereceu aos seus funcionários reajuste de 16% nos benefícios, como auxílio-alimentação. O Cruesp ofereceu 6,05% de reajuste salarial que incidirá sobre os vencimentos de maio. Funcionamento Tradicionalmente, algumas unidades contam com maior apoio a paralisações. A FFLCH é a principal delas. Outras, como Poli, FEA, Medicina e Direito continuam funcionando. Outros confrontos Em 21 de setembro de 1977, a PM bloqueou as entradas da Cidade Universitária para impedir o 3.º Encontro Nacional dos Estudantes. A Tropa de Choque dispersou alunos na entrada do câmpus. A Faculdade de Medicina foi invadida pela polícia. Mais de 200 estudantes foram levados para interrogatório e fichamento. Há dois anos, quando alunos da USP ocupavam a reitoria, uma passeata de 3 mil a 5 mil alunos, professores e funcionários em direção ao Palácio dos Bandeirantes acabou em detenção de um estudante, logo liberado, e agressão de outro com cassetete. Não houve à época da ocupação intervenção policial no câmpus. var keywords = "";

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