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Estudantes da Unifesp de Guarulhos deixam sede da PF na zona oeste de SP

Universitários responderão ao processo em liberdade; alvará de soltura chegou à PF às 22 horas

Por Carlos Lordelo , Ricardo Valota e Cristiane Nascimento
Atualização:

SÃO PAULO - Os 22 estudantes da Unifesp de Guarulhos que estavam presos na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), na Lapa, zona oeste da capital, desde o final da noite de quinta-feira, 14, deixaram o prédio, segundo o plantão policial, à 0h deste sábado, 16, após um mandado de soltura expedido pela 1.ª Vara Federal Criminal de Guarulhos e que chegou às mãos da PF por volta das 22 horas de sexta-feira, 15.

 

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O grupo, preso no câmpus de Guarulhos, foi autuado em flagrante por dano ao patrimônio público, constrangimento ilegal e formação de quadrilha, cujas penas podem chegar, somadas, a 8 anos de prisão. Eles responderão ao processo em liberdade. Segundo o advogado dos estudantes, Pedro Ivo Iokoi, agora serão apuradas as responsabilidades de cada um. Ele considera "descabidas" as acusações de constrangimento ilegal e formação de quadrilha.

 

O reitor da Unifesp, Walter Albertoni, disse na tarde de sexta-feira, 15, que a polícia agiu “com critérios”. “Não quero ver ninguém preso, mas os estudantes têm de responder pelos atos que cometeram.” As prisões ocorreram enquanto os estudantes faziam um protesto em frente à diretoria acadêmica da Unifesp em Guarulhos. Eles estão em greve há quase três meses para pedir melhorias na infraestrutura da unidade. A Polícia Militar foi chamada por funcionários do câmpus, entre eles o diretor acadêmico, Marcos Cezar de Freitas, para conter os alunos, que estariam depredando o prédio.

 

Segundo a Unifesp, eles haviam pichado paredes e quebrado vidros, móveis e computadores. Um grupo estava concentrado em frente ao prédio, na versão de Freitas, intimidando-o e ameaçando ocupar o edifício - que já foi invadido duas vezes desde o início da paralisação. Os alunos negam e dizem que o quebra-quebra só começou após os policiais prenderem uma colega. Houve confronto e a PM utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral. Uma estudante foi levada ao pronto-socorro com ferimento na perna e um vídeo postado pelos universitários mostra um rapaz com o nariz sangrando após ser atingido por policiais.

 

 

Segundo a aluna de Ciências Sociais Janaína Sant'Ana de Andrade, de 21 anos, que estava no protesto, não dá para saber se foi a PM ou os estudantes que depredaram o prédio. Hoje ela teve uma audiência com o reitor e pediu que ele retirasse as acusações contra os presos. Albertoni convocou uma entrevista nesta tarde. Ele classificou o ato como “depredação” e disse que a situação “saiu do controle”, porque “o confronto foi deliberado pelos estudantes”. “Não posso fazer nada. Não tenho como retirar a queixa porque não fui eu quem a fez.”

 

Para Albertoni, os detidos infringiram termos de um mandado de segurança assinado no dia 6, quando ocorreu a reintegração de posse do câmpus, invadido por alunos pró-greve. Já o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Luiz Leduino de Salles Neto, disse “repudiar” o que chamou de “ação violenta” da PM. Ele cogita deixar o cargo.

 

Segundo a PF, dos 22 que foram detidos, 14 já haviam sido conduzidos à superintendência no último dia 6. Três deles possuem antecedentes criminais por dano e formação de quadrilha. A polícia fez uma perícia dos estragos no câmpus. Os alunos só não foram transferidos para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros nesta sexta por falta de tempo. Eles não puderam deixar a carceragem antes porque a soma das penas dos crimes dos quais são acusados impedia o pagamento de fiança.

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* Atualizada à 0h23

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