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Escolas particulares propõem notas de corte diferentes para o Fies

Ideia é que exigência mude de acordo com o curso; setor também prepara um financiamento alternativo

Por Paulo Saldaña
Atualização:

RIO - As instituições educacionais particulares vão propor ao governo que a nota de corte do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para quem quer acessar o Financiamento Estudantil (Fies) seja diferente a cada curso. As empresas devem encaminhar a proposta ao Ministério da Educação (MEC) nos próximos dias. O setor também prepara um financiamento alternativo ao Fies.

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Desde março, o MEC passou a exigir média mínima de 450 pontos na prova e nota acima de zero na redação para acessar o Fies. O argumento do governo é aumentar a qualidade dos alunos, mas fontes do setor indicam que a medida tem motivação financeira para diminuir os gastos com o programa. 

Segundo o diretor do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), Rodrigo Capelato, cursos diferentes precisam ter notas de corte menores para que todos tenham oportunidades. "Um curso de tecnólogo pode ter uma nota menor que 450, ao contrário de Medicina, por exemplo", diz Capelato, durante o 8º Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular, que ocorre no Rio. 

Além dessa alteração, o setor deve encaminhar propostas para o portal que vai centralizar as oportunidades de financiamento, ideia que o MEC já indicou que vai viabilizar. Segundo Capelato, o sistema tem que aliar indicadores de qualidade dos cursos, porcentual de graduação, pesquisas de satisfação e o valor das mensalidades. A ideia é ter no futuro indicadores de empregabilidade dos formados. "Os alunos poderiam assim comparar os cursos pela qualidade e pelo valor da mensalidade. Se a qualidade for igual, o aluno pode escolher o mais barato. Volto a ter lógica de mercado", diz ele.

Conforme revelou o Estado em fevereiro, a média das mensalidades aumentou a partir de 2010, mesmo período em que o número de contratos Fies explodiu. 

Paralelo à proposta de aperfeiçoamento do Fies, o economista Samuel Pessôa, da Fundação Getulio Vargas (FGV), prepara um novo modelo de financiamento - privado, mas com subsídio público. O projeto foi encomendado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação (Abraes), que representa alguns dos maiores grupos educacionais.

Segundo Pessôa, a linha geral desse novo modelo é que o subsídio do governo seja no pagamento de parte da matrícula ou em parte da dívida - hoje, a taxa do financiamento é subsidiada pela União. No cálculo do economista, o governo subsidia cerca de 45% do total financiado. "Nossa ideia é trabalhar com a taxa de juros do mercado", diz Pessôa. O Fies tem uma taxa de 3,4% ao ano, bem abaixo da inflação.

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Além disso, o novo tipo de financiamento pode ter um sistema de pagamento variável de acordo com o sucesso financeiro do beneficiado após a formatura. "Seria um pagamento aliado à renda da pessoa. Quem teve maior sucesso vai poder pagar mais", diz. Pessôa já está em contato com a área econômica do governo para conversar sobre a proposta.

O maior crédito universitário privado, o Pra Valer, teve aumento de 400% na procura em abril deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2104. Neste programa, a instituição subsidia parte do financiamento do aluno. "Para ter sucesso, o financiamento privado precisa coexistir com o público", disse Carlos Furlan, diretor-executivo da Ideal Invest, que gere o Pra Valer, em apresentação no Congresso.

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