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Enade: relatório sobre Unip omite denúncia e MEC vai investigar

Pasta apura por que documento de supervisores não tem informações sobre seleção de alunos

Por Carlos Lordelo e Cedê Silva
Atualização:

O Ministério da Educação diz que vai apurar por que o relatório de supervisão da Universidade Paulista (Unip) concluído em dezembro de 2010 não trouxe informações sobre a seleção de alunos que prestaram o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2009, no câmpus de São José dos Campos.O Estadão.edu revelou nesta sexta-feira que estudantes de Direito da Unip enviaram à Ouvidoria do MEC, em 19 de maio de 2009, um e-mail dizendo que em São José havia "uma regra de não passar para o próximo semestre toda a sala, com intuito de não fazer o Enade, por causa das péssimas notas e falta de preparação desses alunos". Quando a mensagem chegou ao ministério, a Unip já estava sob supervisão desde 2007, por causa do resultado insatisfatório no Enade 2006.Os alunos receberam uma resposta da Secretaria de Educação Superior do MEC seis dias depois. Por e-mail, a pasta afirmou que procedimentos como dependências e avaliação "são de autonomia da instituição". O texto não menciona o Enade.Embora o relatório da supervisão não fale da suposta manipulação do número de estudantes aptos a prestar o Enade, a denúncia dos estudantes de São José confirmou as suspeitas do MEC de que o número de formandos informados no Censo da Educação Superior não batia com o dos inscritos no Enade.A desconfiança levou a pasta a mudar a forma de coleta de dados do censo em 2010, ano-base 2009. As instituições passaram a ser obrigadas a fornecer o número do CPF de seus estudantes. Até ontem, a informação oficial era de que o levantamento mudou para integrar as informações a outros bancos de dados do ministério.A alteração, porém, não acabou com a desigualdade no número de formandos enviado ao censo e ao Enade. Em 2010, por exemplo, só 353 (41,2%) dos 855 concluintes de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Odontologia de unidades da Unip no Estado de São Paulo participaram do Enade. A universidade atribui a diferença ao fato de que um contingente expressivo de estudantes concluiu o curso no meio do ano.Suspeita. Em 2 de março, o Estadão.edu revelou que o MEC cobrou da Unip explicações sobre indícios de irregularidades nas notas do Enade. Tomou a medida com base em um relatório enviado ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).A resposta da Unip está sendo avaliada pelo MEC. Se ficar confirmado que houve tentativa de manipulação dos dados, a pasta poderá determinar alguma punição à Unip. Por enquanto, não foi aberta investigação ou sindicância contra a universidade.O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou na quarta-feira mudanças no próximo Enade. Além dos alunos que se formarem em dezembro de 2012, como previa a norma atual, terão de fazer a prova, em novembro, estudantes que concluírem o curso seis meses depois, em agosto de 2013.

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