Desistência de alunos bate recorde na USP

A taxa ficou em 16,35% e vem crescendo desde 2005 (9,9%), quando foi criado o ProUni

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Por Fabio Mazzitelli
Atualização:

Nos últimos sete vestibulares, o número de estudantes aprovados em primeira chamada que desistiram de cursar a Universidade de São Paulo (USP), a maior do País, cresceu mais de seis pontos porcentuais e atingiu 1.742 calouros dos 10.652 aprovados neste ano, ou 16,35% do total, número recorde.

 

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Em 2005, o número de desistentes após a primeira chamada não chegava a 10% - ficou em 9,9%, ou 956 calouros dos 9.567 aprovados. Aquele ano foi marcado pela criação do Programa Universidade Para Todos (ProUni), que concede bolsas de estudo a estudantes em instituições particulares de ensino superior, e pelo início do funcionamento da USP Leste, extensão do câmpus da capital que abriga cursos de graduação com novas propostas e baixa procura - o que fez a USP dar sinais de revisão no funcionamento deles.

 

Universidade pública que lidera a produção científica no Brasil, a USP também foi afetada pela expansão de vagas no ensino superior público em São Paulo nos últimos anos - além da própria USP, as públicas Unifesp, Unesp e Unicamp ampliaram o número de vagas oferecidas. Outro fator que ajuda a explicar as desistências é o programa federal de financiamento estudantil (Fies), que dá crédito a juros baixos a quem deseja fazer um curso superior pago.

 

Com o aumento de desistentes, cresceu o número de convocados a chamadas posteriores. No vestibular 2011, a segunda chamada da USP teve 2.562 candidatos convocados, outro recorde. Ontem, a USP realizou a matrícula dos candidatos aprovados em terceira chamada, cuja lista de convocados teve 1.113 vestibulandos.

 

Os números e os porcentuais da desistência na universidade foram divulgados na sexta-feira pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), órgão executor dos vestibulares da USP. Diretora-executiva da Fuvest, Maria Thereza Fraga Rocco disse que a fundação não comentaria os números. “Isso cabe apenas à USP.”

 

Procurada pela reportagem, a pró-reitora de graduação da USP, Telma Zorn, não havia respondido até as 23h de sexta-feira às questões enviadas por e-mail a ela, à noite.

 

Além do aumento de desistentes, a USP convive nos últimos anos com uma queda significativa no número de inscritos na Fuvest, que foi de 170 mil no vestibular 2006 para 133 mil no de 2011.

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“É outro indicador importante porque não é só na hora da matrícula que você vê se o aluno está tendo preferência por outra instituição. Muitos alunos, principalmente na rede pública, nem sabem que a USP é gratuita”, diz Rubens Barbosa de Camargo, professor da Faculdade de Educação da USP. “Esse aumento de desistentes tem a ver com políticas adotada recentemente, como o ProUni. Mas, a rigor, é preciso fazer uma pesquisa para saber por que os estudantes preferem outra instituição. Isso ocorria, mas não nessa intensidade”, afirma.

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