Conselho de Graduação quer manter hospitais da USP

Professores da universidade são contrários à transferência de gestão para secretaria estadual, conforme sugerido pelo reitor

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Por Paulo Saldaña e Guilherme Soares Dias
Atualização:

Atualizado às 2h SÃO PAULO - O Conselho de Graduação da Universidade de São Paulo (USP) elaborou posicionamento contrário à transferências da gestão de dois hospitais universitários como forma de diminuir a crise financeira vivida pela universidade. Consultada, a reitoria informou que a manifestação não representa o conselho porque não teria sido votada oficialmente. Docentes que integram o colegiado pretendem encaminhar a recomendação ao Conselho Universitário (C.O.), instância máxima da instituição. A proposta de transferência do Hospital Universitário (HU) e do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, o Centrinho, de Bauru, para a Secretaria Estadual de Saúde deve ser votada pelo C.O. na próxima terça. Os sindicatos dos trabalhadores e dos professores já se colocaram contrários. Representantes de pelo menos sete cursos também se posicionaram da mesma forma. A reunião do Conselho de Graduação, em que a manifestação foi discutida, ocorreu na quinta-feira. De acordo com um dos integrantes, que pediu anonimato, o tema foi colocado em pauta ainda no início do encontro e debatido por todos. Além disso, a minuta da manifestação foi projetada. "Não houve nenhum questionamento sobre a manifestação", disse ele. O texto ainda pede reabertura das negociações sobre salários. O Conselho de Graduação é presidido pelo pró-reitor da área, Antonio Carlos Hernandes, ausente na reunião. Ele foi substituído pelo adjunto, Edmund Chada Baracat - a reportagem não conseguiu contato com ele. Por meio da assessoria de imprensa da reitoria, a USP informou que, além de não ter sido votado, o documento teria sido produzido por um "pequeno grupo."  Decisão. Elaborado pelo reitor Marco Antonio Zago, o projeto prevê transferir a gestão e os custos de manutenção dos hospitais. Os funcionários atuais continuariam ligados à USP. O custeio dos dois hospitais responde por cerca de 10% do orçamento da universidade. Nesta sexta, cerca de 450 alunos que frequentam o HU decidiram pedir tempo para discutir a medida. Também ficou decidida a paralisação das atividades na segunda e na terça-feira. Segundo o diretor médico do HU, José Pinhata, o tema não foi debatido. "Pedimos que eles permitam que haja tempo para discussão", afirma. A residente da Faculdade de Medicina da USP Raquel Santos Ferreira, de 30 anos, teme reflexos no ensino. "A USP depende do HU para o ensino. A médica que sou teve muita contribuição do HU. Não vemos como melhorar o ensino com essa desvinculação." Com mais de 105% do orçamento comprometido com a folha de pagamento, a USP tem tomado medidas de contenção de gastos. Na terça também vai discutir um plano de demissão voluntária. Por causa do congelamento de salários, trabalhadores estão em greve há mais de dois meses.

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