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Conselho da Unifesp apoia câmpus em Guarulhos

Após críticas, Conselho de Assuntos Estudantis aprova moção de permanência na cidade

Por Paulo Saldaña
Atualização:

SÃO PAULO - O Conselho de Assuntos Estudantis (CAE) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aprovou nesta segunda-feira, 6, uma moção pela permanência da instituição no Bairro dos Pimentas, em Guarulhos. A manifestação veio depois que um grupo de professores entregou um dossiê à reitoria defendendo a saída da Unifesp do local, como o Estado revelou. Docentes que defendem a saída da Unifesp da cidade afirmam que a moção atropela o debate que está em curso sobre o tema.

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No dossiê, professores afirmam que o câmpus é isolado geográfica e culturalmente, além de não acrescentar nada ao carente Bairro dos Pimentas. A má localização prejudicaria as pretensões de excelência e integração dos cursos e colaboraria para os altos índices de abandono e baixo nível dos ingressantes.

A moção aprovada pelo CAE refuta esses argumentos. Defende que a cidade tem todas as condições de ter um câmpus da Unifesp no Bairro dos Pimentas e as dificuldades não são decorrentes da sua localização. O CAE é um dos cinco conselhos das universidade e tem 43 representantes do corpo docente, técnico e de alunos de todos os câmpus.

“O bairro lutou pela universidade e o processo de melhorias estava progredindo. Esse dossiê foi inoportuno”, afirmou o presidente do CAE e pró-reitor de Assuntos Estudantis, Luiz Leduíno de Salles Neto. O pró-reitor ressaltou o processo avançado para desapropriar um terreno onde deve ser construída a moradia estudantil. Além disso, está certa a criação de uma linha de ônibus direta entre o Metrô Itaquera e o câmpus.

O câmpus Guarulhos tem cerca de 3 mil alunos. Desde a inauguração, em 2007, há queixas de falta de infraestrutura e dificuldade de acesso.

Apoio

Apesar das inúmeras manifestações contra as condições, a entrega do dossiê foi a primeira oficial pela saída da Unifesp do bairro. A medida intensificou uma queda de braço entre grupos favoráveis e contrários à ideia. Ambos dizem que têm apoio da maioria dos professores. 

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Favorável à permanência, o professor Marcos Cezar de Freitas, diretor acadêmico da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH) – nome oficial da Unifesp Guarulhos –, afirma que a universidade ganha muito com o bairro. “Ela já está enraizada. E o que fazer com o dinheiro gasto com a viabilização do câmpus?”, questiona.

O diretor lembra que a USP e a Unicamp também instalaram câmpus mais tradicionais em locais distantes de equipamentos culturais. E isso não as isolou. “Não estamos em um deserto, mas em lugar onde vivem 300 mil pessoas. E na periferia, só a universidade pública pode chegar. Não faz sentido expandi-la para os centros.”

Para o professor Juvenal Savian, um dos que encabeçam a saída de Guarulhos, a moção foi precipitada. “Amanhã (terça-feira) temos a reunião que oficializará o debate sobre o tema, a partir do qual chegaremos a uma definição.” O início dessa discussão em uma comissão foi aprovado pelos professores na semana passada. “A universidade tem de ser cosmopolita. Pode estar na periferia, mas com espírito cosmopolita.”

O dossiê propõe à reitoria que a escola possa se mudar para o centro de São Paulo, onde a Unifesp já planeja abrir um novo curso de Direito. Existe a possibilidade de que algumas unidades, e não o câmpus todo, se mude para a capital. Savian acredita que Filosofia, História e História da Arte poderiam se mudar, mas o assunto não foi debatido suficientemente entre professores, coordenadores e alunos. A ida para São Paulo aconteceria independentemente da expansão da Unifesp para o centro de Guarulhos, cujo processo já está em andamento.

GREVE CONTINUA

Nesta segunda-feira, em assembleia, os professores da Unifesp decidiram votar pela manutenção da greve da categoria – apesar de o Ministério da Educação dar por encerrada as negociações. As aulas estão paradas desde 17 de maio.

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