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Como Kyoto levou à troca entre nações

Cinco estudos encomendados pela Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa), pelo Banco Mundial e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) apontam: o Brasil precisa de regras mais claras para desenvolver o mercado de carbono. O Projeto de Infraestrutura e Fortalecimento das Instituições do Mercado de Carbono foi apresentado, em novembro, no Rio de Janeiro e São Paulo.

Por Camila Silva
Atualização:

 

Em 1997, os 189 países membros das Nações Unidas se reuniram no Japão para discutir a preservação do meio ambiente. A reunião gerou o Protocolo de Kyoto, tratado pelo qual os países desenvolvidos se comprometeram a reduzir 5% de gás estufa, como metano e gás carbônico.

 

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Como alguns países não conseguem atingir suas metas, criou-se um sistema de compensação. Cada tonelada reduzida de carbono vale um crédito. Já a tonelada de metano gera 21 créditos. Países que não precisam diminuir as emissões e têm práticas de preservação ao meio ambiente atuam como voluntários e vendem seus créditos para nações como os Estados Unidos e Austrália.

 

O Brasil não possui metas para reduzir a emissão de gases estufa, ainda que apareça na lista dos 20 maiores poluidores. No entanto, a venda de crédito de carbono desperta o interesse dos brasileiros, já que o mercado voluntário movimentou US$ 705 milhões em 2008. Em abril deste ano, a BM&F Bovespa realizou leilões para a venda de 180 mil unidades de redução de emissões verificadas.

 

Segundo o Instituto de Inovação e Sustentabilidade, a cerâmica é uma das áreas que apresentam os maiores avanços na venda de crédito de carbono no País. Julio Francisco Dantas de Rezende, seu presidente explica: "Na queima da cerâmica, as empresas trocaram a lenha pelo bagaço de cana e pela casca de castanha de caju, reduzindo a emissão de CO2 e obtendo, assim, os créditos de carbono que agora lhe renderam dinheiro."

 

Para Rezende, esse mercado em expansão é uma boa maneira de reforçar o desenvolvimento da prática da sustentabilidade ambiental e também uma maneira de transformar atitudes ecológicas em fonte de renda. "Algo peculiar é que pessoas físicas que possuem reservas ecológicas estão interessadas em vender o crédito de carbono, o que permite a geração de recursos que colaborarão na manutenção dessas reservas", diz.

 

Carlos Victor Rodrigues Ros, da ONG 350.org, , não concorda com a venda de carbono. "Esse comércio não é a solução para o meio ambiente. Quando empresas compram créditos, isso corresponde a uma permissão para emitir gases e o preço dessa permissão sempre é inferior ao da multa que o emissor pagaria se não atingisse a meta", finaliza.

 

CAMILA DA SILVA BEZERRA É ALUNA DA UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

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