PUBLICIDADE

Com tutoria, escola estadual nº 1 em SP ‘já está quase em 2021’

Nota é mais que o dobro da pior unidade, que fica no entorno de Heliópolis

Por FELIPE RESK E LUIZ FERNANDO TOLEDO
Atualização:
Vila Madalena. Projeto criado em 2013 prevê acompanhamento por um pedagogo ou integrante da direção da escola Foto: MARCIO FERNANDES/ESTADAO

Na Escola Estadual Carlos Maximiliano Pereira dos Santos, na Vila Madalena, zona oeste da capital, já é quase 2021. Mais bem avaliado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as unidades da rede estadual de ensino, o colégio está a apenas 0,2 ponto para atingir a meta que havia sido estabelecida para daqui a cinco anos. Nesta edição, esperava-se um 4,9. 

PUBLICIDADE

O resultado foi 5,8. Para os diretores, a evolução é resultado de uma metodologia de ensino implementada em 2013, com um programa de tutoria em que cada aluno é acompanhado por um pedagogo e também oferta de disciplinas diversificadas.

O colégio é de modelo integral, com aulas das 7 horas às 15h30. Nele, os 386 alunos do 6.º ao 9.º ano do ensino fundamental fazem disciplinas do currículo tradicional e também as chamadas “diversificadas”, que têm como objetivo aperfeiçoar algumas habilidades. Além de aulas de nivelamento, há, por exemplo, oficinas de teatro, com ênfase em leitura e interpretação de texto. A média é de 34 estudantes por classe.

No último Ideb, a Carlos Maximiliano havia sido avaliada com 4,6. “Foi no começo do programa, as turmas ainda não estavam adaptadas”, justifica o diretor da unidade, Antônio Roberto Ramos. Na opinião dele, o sistema de tutoria representou “a grande virada” no ensino da escola. “Cada um pegou o seu aluno e disse: ‘Vocês são capazes’.” 

O estudante escolhe um pedagogo, seja professor ou integrante da direção, para orientá-lo nas atividades no colégio. Com ele, o aluno pode tratar de dificuldades no ensino ou até mesmo de problemas pessoais e conflitos familiares.

Uma vez por mês, também há uma “tutoria coletiva” para discutir problemas no colégio. “Isso aproxima o aluno do professor. É a pedagogia da presença: ouvir o estudante, perceber as angustias dele, o que deseja, quais as dificuldades. Verificar olho a olho”, diz o vice-diretor Marcelo Clementino, que tem 16 tutorandos. 

Aluno do 6.º ano, Lex Allison, de 11 anos, entrou na unidade em 2016, após passar por outras três escolas. Para ele, “a escola é boa por causa da tutora”. “Sempre dá conselho, procura ajudar com os problemas”, conta.

Publicidade

O sistema também tem agradado ao pai do garoto, o técnico de refrigeração Joselito Alves, de 50 anos. “Os professores têm um vínculo com as crianças, conversam diretamente com elas e conseguem observar as dificuldades. Fica mais fácil resolver os problemas”, diz. 

Pior escola. A Escola Estadual Professor Gualter da Silva, na Vila Moinho Velho, na zona sul, teve a nota mais baixa da rede estadual na capital. O Ideb da unidade foi de 2,7 nesta edição, a menor desde 2005, quando o colégio registrou 3,5. Funcionários da unidade dizem que o mau desempenho está relacionado aos alunos carentes - o colégio atende estudantes da região da favela de Heliópolis. “O resultado na escola é reflexo da sociedade no entorno”, diz um professor. 

Vizinhos reclamam que os alunos ficam do lado de fora da escola, alguns usando droga. “Há muito tráfico de drogas por aqui. Ninguém cuida direito e os meninos ficam largados”, reclamou um vizinho. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.