Colégio Rio Branco cancela colação de grau de alunos do 3.º ano

Medida foi tomada depois que parte dos estudantes participou de atividade repudiada pela diretoria

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Por Cristiane Nascimento
Atualização:

SÃO PAULO - Os alunos do 3.º ano do ensino médio do Colégio Rio Branco que se formam no próximo mês não terão mais direito à cerimônia de colação de grau. O evento, marcado para os dias 14 e 15 de dezembro, foi cancelado pela diretoria da escola, depois que cerca de 40 estudantes participaram do "Dia da Tinta" - um ritual de passagem no qual os jovens do 3.º ano pintam os do 2.º.

 

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Segundo uma estudante ouvida pelo Estadão.edu, desde outubro alguns orientadores do colégio, que fica em Higienópolis, região central, tentavam convencer os alunos a abandonar as atividades da brincadeira. Para evitar o "Dia da Tinta", a própria direção organizou um churrasco no dia 12 de novembro e ofereceu aos alunos latas de spray para que pintassem e escrevessem nos muros da escola.

 

Na manhã de segunda-feira, 26, no entanto, cerca de 40 alunos se concentraram na Praça Vilaboim, próxima ao colégio. Os adolescentes, que portavam tinta na ocasião, foram surpreendidos pela orientadora do Rio Branco, que tentou negociar com os estudantes, afirmando que caso não desistissem da atividade eles seriam impedidos de participar da cerimônia de colação. A brincadeira ocorreu sem grandes incidentes. Segundo os alunos, só foram pintados aqueles que quiseram participar do ritual.

 

No dia seguinte, ao chegarem ao Rio Branco, os alunos foram informados de que a colação havia sido suspensa. Pela tarde, os pais também foram notificados do cancelamento da cerimônia, por e-mail. "O 'Dia da Tinta' acontece há pelo menos 5 anos e nunca uma colação foi suspensa", diz a estudante, que preferiu não se identificar. "Querer punir aqueles que participaram do ato é até compreensível, uma vez que eles foram avisados do risco que corriam, mas estender essa punição a todos os 160 alunos é uma injustiça."

 

Segundo a jovem, muitos dos estudantes já haviam pagado pela colação e comprado roupas para a ocasião. "Há um caso, inclusive, de uma colega cujos pais não moram em São Paulo e que já haviam comprado passagens para poder participar da cerimônia", diz. "Não se trata apenas de um prejuízo financeiro, mas também emocional."

 

A diretoria do Colégio Rio Branco foi procurada pela reportagem na manhã desta quarta-feira, 28, mas só enviou nota oficial às 17. No texto, afirma que o cancelamento da formatura teve propósito "estritamente educativo". Segundo a direção, ao longo do ano foram realizadas atividades para "romper os conceitos equivocados de comemorações e valorizar o companheirismo e o respeito pelo espaço coletivo".

 

Ainda de acordo com a nota, o "Dia da Tinta" assustou os alunos mais novos do colégio, intimidou quem não queria participar da brincadeira e comprometeu a circulação e a segurança dos alunos. O colégio diz trabalhar para que seus estudantes sejam "protagonistas de um novo tempo, com novos ritos e novas formas de celebrar esse importante momento de suas vidas".

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Câmeras

 

Esta é a segunda polêmica na qual a direção do Rio Branco se envolve este ano. Em setembro, 107 alunos do 3.º ano foram suspensos por um dia por protestar contra a instalação de câmeras de segurança nas salas de aula. Eles disseram que não haviam sido comunicados sobre a medida. Em nota enviada aos pais, a diretora-geral do colégio, Esther Carvalho, admitiu falha na comunicação.

 

* Texto atualizado à 0h38 do dia 29/11 para incluir a resposta da direção do Rio Branco

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