Colégio Lourenço Castanho é vendido a grupo empresarial

Escola conhecida pela proposta pedagógica humanista foi adquirida pelo grupo Atmo, dono de 20 instituições com 12 mil alunos

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Por Isabela Palhares
Atualização:

SÃO PAULO - Conhecido por ter uma proposta pedagógica humanista e considerada inovadora para a época da fundação, o Colégio Lourenço Castanho, na Vila Nova Conceição, zona sul de São Paulo, foi vendido para um grupo empresarial, dono de 20 escolas que seguem sistemas de ensino de grandes empresas do setor. Fundada e administrada por quatro educadoras há 55 anos, a venda da Lourenço é vista como única alternativa para a sobrevivência do projeto educacional. A mudança trouxe apreensão e incerteza aos pais e aos professores. 

Escola foi adquirida pelo Grupo Atmo, dono de 20 instituições com 12 mil alunos, em cidades como Campinas, Santos e Sorocaba Foto: ALEX SILVA/ESTADAO

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O processo teve início em 2005, quando as quatro sócias-fundadoras, todas à época com cerca de 70 anos, começaram a pensar na sucessão administrativa do colégio. “Elas têm 19 filhos, mas nenhum com interesse em continuar na gestão da escola”, comenta Alexandre Abbatepaulo, diretor da unidade. As donas contrataram uma empresa especializada em gestão e passaram a ser conselheiras. No entanto, com a piora na saúde, decidiram que era o momento de vender o colégio. 

“Elas queriam que educadores assumissem o projeto e se comprometessem a manter a identidade da escola”, diz o diretor, que apresentou o Atmo Educação às sócias. Criado em 2004, o grupo é dono de 20 escolas com 12 mil alunos, em cidades como Campinas, Santos e Sorocaba, com projetos pedagógicos de grandes grupos, como Objetivo, Anglo e Mapple Bear. O grupo também é dono de uma faculdade em Campinas, tem empresas que oferecem serviços educacionais para colégios e de uma franquia de escolas de idiomas.

“O Atmo tem um histórico de manter a identidade de cada colégio que adquire, não de um alinhamento pedagógico. Por isso, as sócias tiveram segurança em vender o Lourenço Castanho”, conta o diretor. Ainda segundo ele, os donos do grupo se comprometeram a não demitir nenhum professor ou funcionário durante a transição nem alterar a forma de contratação e os salários. 

Uma professora, que pediu para não ser identificada, relata que a notícia deixou os 142 professores apreensivos. O advogado Sérgio Marangoni, de 50 anos, pai de duas alunas do colégio, foi um dos que procurou a direção para entender as implicações da venda. “Nossa primeira preocupação é com a mudança do projeto pedagógico que escolhemos para a formação dos nossos filhos. Garantiram que nada muda e, por isso, fiquei mais tranquilo”, diz.

Com mensalidades que variam entre R$ 3,2 mil e R$ 4,1 mil, o colégio tem hoje 1.150 alunos - mas já chegou a ter 2 mil matriculados. A maior perda de estudantes ocorre na transição dos anos finais do fundamental (do 6.º ao 9.º ano) para o médio. Por isso, pais e professores acreditam que mudanças podem ser feitas nessa etapa, reforçando conteúdos para aprovação em vestibulares nacionais, mas, sobretudo, no exterior.

Compras

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Há mais de uma década comuns no ensino superior, as aquisições de escolas por grandes grupos se intensificaram nos últimos anos e chegaram a colégios tradicionais, preocupando pais e especialistas e levando ao temor de uma “padronização do ensino”. Foi o que ocorreu, por exemplo, há dois anos, com a venda da Escola da Vila para o grupo empresarial Bahema.

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