Coaching ajuda interessados em entrar em curso no exterior

Candidatos recorrem a assessoria para aprimorar seu potencial e se inscrever em vagas de universidades estrangeiras; veja dicas

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Por Lorena Amazonas
Atualização:

SÃO PAULO - Quem estiver interessado em cursar um MBA no exterior deve fazer testes, preparar redações e, às vezes, recorrer ao auxílio de um coach para cumprir a tarefa. Coach é o profissional que ajuda pessoas a despertarem o autoconhecimento e seu potencial, para que consigam atingir determinados objetivos. Ao contratar o serviço de coaching, o candidato será assessorado em todo o processo de admissão ou apenas em etapas específicas.

O trabalho pode ser iniciado com algumas sessões para identificar as universidades mais adequadas ao profissional. “A maioria já sabe em que faculdades quer estudar, mas dou orientações sobre quais acredito estarem mais alinhadas ao perfil dele”, explica Paula Braga, coach da Ikigai. 

Paula Braga, coach da Ikigai Foto: Arquivo pessoal

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Em geral, candidatar-se a um MBA no exterior inclui uma série de etapas. É preciso traduzir o histórico escolar do curso de graduação, preencher a ficha de inscrição da universidade escolhida, apresentar cartas de recomendação e o currículo atualizado, fazer as provas do Toefl (teste que mede o nível de inglês) e do GMAT (teste que avalia a habilidade de raciocínio analítico) e escrever o essay, uma espécie de carta de apresentação do candidato. 

“Para entrar em uma universidade de primeira linha é necessário se destacar em todos os aspectos, afinal a nata do mundo dos negócios está visando à mesma vaga que você. Por isso, é importante ter clareza sobre o que te diferencia dos outros candidatos e conseguir expressar isso nas redações”, afirma Paula.

Formado em administração de empresas, João Pilecco trabalha com desenvolvimento de negócios e pretende começar um MBA no próximo ano. Em março, ele contratou uma coach para ajudá-lo a ter sucesso na candidatura. “A profissional me perguntou quais são meus objetivos futuros e foi me dizendo o que preciso fazer para alcançá-los.”

O tema do essay varia de acordo com a faculdade e costuma ser divulgado na metade do ano. Pilecco deseja se candidatar a seis universidades americanas e já começou a escrever suas redações. “Este processo requer muito autoconhecimento. A Stanford, por exemplo, pede para dizer o que importa mais para você e por quê. É difícil responder a essa pergunta e relacionar com minha vida pessoal e profissional e com o MBA. A coach me ajuda a fazer a ponte entre o que irei escrever e meus objetivos.”

Quanto custa. Na média, uma hora de um coach pode custar entre R$ 320 e R$ 400, mas há empresas que fecham pacotes de serviços. O custo total para a preparação para um MBA no exterior pode chegar a R$ 20 mil, incluídos nesse valor a consultoria, as taxas de inscrição, a tradução juramentada dos documentos e as aulas para o GMAT.

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Fabrício Ribeiro gastou R$ 6.500 com coaching para se candidatar a três escolas. O consultor se candidatou em 2015 a três universidades estrangeiras e agora aguarda começar o seu curso em agosto, na London Business School, na Inglaterra. Ele acredita que é possível realizar o processo sozinho, sem o apoio de um profissional, mas decidiu utilizar o serviço de coaching para auxiliá-lo na elaboração dos essays. “Acho que vale a pena. A coach deixou minha redação mais competitiva.”

Em suas consultorias, Paula costuma realizar um brainstorming com seus clientes, pensando em histórias para contar no essay e garantindo que os valores da pessoa estejam presentes no texto. Depois, a coach lê a redação e avalia o conteúdo, estrutura e corrige erros de inglês, incentivando-o a produzir novas versões. “Esse processo se repete até que o texto fique a melhor expressão possível do candidato.” 

Se o candidato tiver sucesso, será convidado a se submeter a uma entrevista com avaliadores da universidade. Para se preparar, o coach pode auxiliá-lo realizando simulações em inglês e analisando sua postura e conteúdo da conversa. “O serviço de coaching é bem completo e inclui todas as etapas do processo seletivo, com exceção da preparação para o GMAT. Para essa parte, recomendo profissionais especializados”, diz a coach Claudia Gonçalves.

Por conta própria. Mas há quem prefira enfrentar o processo todo sozinho. É o caso de José Baptista, que deverá começar a estudar na Insead neste ano.

“Achei que foi tranquilo, pedi a ajuda de amigos que são ex-alunos na faculdade, que era a única onde eu queria estudar. Eu estava bastante confiante de que conseguiria entrar”, afirma. “Provavelmente precisei de mais tempo do que se tivesse contratado alguém, mas achei que não valia a pena investir esse dinheiro para uma pessoa revisar o meu essay.”

Depoimento

‘Desenvolvi habilidades que não tinha’

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Lucas Lima, manager na consultoria Bain & Company no Brasil

“Em 2011, dei início ao processo de candidatura a um MBA no exterior. Eu tinha pouco tempo para gerenciar todas as etapas requeridas, então contratei uma coach, em março daquele ano. É importante entender por que você quer contratar um coach. Eu queria alguém que fosse organizado, que tivesse tempo e paciência para criticar as versões intermediárias dos essays (espécies de carta de apresentação). Valeu a pena ter uma pessoa me mostrando o que poderia melhorar nas minhas redações. Além disso, eu conhecia pouco os detalhes do processo de candidatura, e a profissional me ajudou muito nessa parte. 

Lá fora. Lima fez MBA na Harvard Business School, escola nos Estados Unidos Foto: Arquivo pessoal
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Muita gente começa escolhendo a escola, mas eu fiz diferente. Decidi entre o programa de um ou dois anos. Optei pelo segundo. Depois, defini a cidade e, por último, a faculdade. Conheci pessoas que não levaram em conta a localidade e o tempo e tiveram problemas de adaptação. Fui aceito na Harvard Business School, nos Estados Unidos. O primeiro semestre é intenso, com muitas atividades extracurriculares. No fim desse período, fui selecionado para um programa de imersão na China, em uma empresa de telecomunicações. Foi uma experiência fantástica. 

No segundo semestre, consegui conciliar melhor os estudos, as atividades e minha vida pessoal. Nessa etapa, cada aluno escolhe onde trabalha no verão. Fui para Sydney, na Austrália.

O segundo ano foi o melhor, pois temos a liberdade de escolher as matérias que queremos cursar. Eu decidi fazer os créditos disponíveis em Finanças, Estratégia e Private Equity.

Já me perguntaram se o MBA vai ajudar a minha carreira e sempre respondo que não sei. Mas com certeza tive uma série de benefícios, como ter tempo para curtir com minha esposa (que foi com ele), conhecer pessoas com visões de mundo diferentes e desenvolver habilidades que eu não tinha.”

Dicas

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Para a coach Claudia Gonçalves, a candidatura a um MBA no exterior é um projeto de um ano. Confira algumas dicas:

Processo Cada escola tem um. Leia sobre eles e entenda todas as etapas

Preparação Monte uma planilha para ajudar a organizar todas as informações e inclua dados como materiais para consulta, testes e burocracias. Os testes GMAT e Toelf exigem preparação. O melhor é não deixá-los para a última hora. Converse com pessoas que estudaram nas universidades escolhidas

Essay As universidades costumam divulgar no meio do ano o tema, mas é possível começar antes o processo de brainstorming

Coach Se decidir contratar um, o ideal é fazê-lo em março, para realizar todas as etapas sem correria