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Brasil está entre os piores do mundo em avaliação de educação

Pisa analisa desempenho dos estudantes das redes pública e privada de 70 nações; confira a colocação do País em Matemática, Leitura e Ciência

Por Luísa Martins
Atualização:

SÃO PAULO - O Brasil ocupa as últimas posições entre os 70 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), cujo resultado foi divulgado nesta terça-feira, 6, pela Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), com análises em relação ao ensino de leitura, Ciências e Matemática. Segundo o estudo, a maioria dos alunos entre 15 e 16 anos ainda não sabe calcular o básico, tem poucas noções de interpretação de texto e capacidade insatisfatória de resolver questões científicas.

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Em relação à edição anterior da pesquisa (2012), o desempenho em Ciências e leitura ficou estagnado e, em Matemática, a nota final foi 11 pontos menor – piora considerada estatisticamente relevante. No ranking que considera todos os países, a melhor posição do País é em leitura – 59.º. Em Ciências, o ensino brasileiro ficou na 63.ª posição. Mas foi em Matemática o pior resultado, a 65.ª colocação, “ganhando” apenas de Macedônia, Tunísia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC) e responsável pelas avaliações de ensino no País, até criou uma lista paralela entre 14 países de características socioeconômicas semelhantes. 

As notas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), organizado pela OCDE, colocam o Brasil como um dos países com pior educação entre os 70 avaliados Foto: Gabriela Biló

Por esse ranking, o Brasil fica em penúltimo lugar em Matemática e Ciências – perdendo apenas para a República Dominicana – e alcança seu melhor resultado em leitura, com o antepenúltimo lugar, à frente apenas do Peru e da República Dominicana.

Não sabem o básico. Mais de 70% dos alunos brasileiros entre 15 e 16 anos não alcançam nem sequer o nível básico de proficiência em Matemática, isto é, são incapazes de resolver problemas simples envolvendo números. Segundo o relatório, são estudantes que não têm conhecimento suficiente para “exercer plenamente sua cidadania”. O escore médio do Brasil em Matemática foi de 377, enquanto a média da OCDE ficou em 490. Cerca de 43% dos alunos brasileiros estão abaixo do nível 1 – no qual sequer se especifica habilidades envolvidas, de tão precárias.

Em Ciências, mais de 56% dos brasileiros entre 15 e 16 anos só conseguem resolver questões de baixa exigência cognitiva. O escore médio nacional é de 401 pontos. A disciplina foi o foco desta edição do Pisa, aprofundando informações sobre motivação, crenças e outras percepções dos jovens no aprendizado. Os resultados demonstram, por exemplo, que 40% dos estudantes brasileiros gostariam de seguir carreira na área de ciência e tecnologia; que metade se diverte e gosta de aprender tópicos científicos e mais de 41% têm ajuda individual do professor nas aulas. 

Entre as três avaliações, a competência de leitura foi a mais satisfatória para o Brasil perante a média da OCDE. A nota média dos países-membros da organização foi de 493, enquanto a média nacional resultou em 407. No entanto, 51% dos estudantes pesquisados estão abaixo do nível considerado aceitável para o exercício da cidadania: não conseguem, por exemplo, reconhecer a ideia principal ou interpretar fatores implícitos do texto. 

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“Tragédia”, diz MEC. O ministro da Educação, Mendonça Filho, definiu como uma “tragédia” os resultados do Brasil. Segundo o ministro, ao longo de 12 anos, o orçamento do MEC mais que triplicou, passando de R$ 43 bilhões para R$ 130 bilhões, sem reflexo direto na melhoria do ensino. “Alguma coisa está errada”, disse.

Também não há indícios de que uma eventual defasagem idade-série tenha contribuído para os maus resultados do Brasil, uma vez que quase 80% dos jovens pesquisados estavam no 1.º ou no 2.º ano do ensino médio, considerados regulares para os 15 anos de idade.

Para reverter esse quadro até a edição de 2018, o ministro anunciou que a pasta trabalhará em quatro eixos principais: o fortalecimento da alfabetização (prioridade para 2017), a formação de professores, a construção da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reforma do ensino médio. 

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