Black blocs se infiltram em ato dos professores e agridem profissionais da imprensa

Cinegrafista do SBT foi jogado no chão por black blocs e levou socos e pontapés; professores mantiveram paralisação

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Por Diego Zanchetta e Isabella Palhares
Atualização:

Atualizada à 0h0 de 25/04

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SÃO PAULO - Um grupo de cerca de 70 black blocs se infiltrou nesta sexta-feira, 24, na manifestação dos professores em greve do Estado de São Paulo, cercou e agrediu profissionais que faziam a cobertura do protesto. Um câmera do SBT foi jogado no chão, recebeu chutes e socos e teve seu equipamento quebrado. Uma equipe da Rede Globo foi perseguida e teve de se esconder em um bar.

A confusão começou por volta das 18 horas. Vestidos com camisetas pretas e adesivos da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual) colados na roupa, os black blocs cercaram três profissionais da Rede Globo na Praça da República. A repórter Michele Barros, um produtor e um cinegrafista tentaram sair do local enquanto o grupo gritava: “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”. Os ânimos se acirraram e a tensão foi aumentando.

Assustados, os profissionais entraram em um bar na esquina das Ruas Vicente de Carvalho com Aurora. Ao perceberem que outros câmeras estavam filmando, os black blocs passaram a jogar sacos de lixo nos profissionais, dando início a uma confusão generalizada que durou cerca de 20 minutos.

Um câmera do SBT foi atingido na cabeça e atirou uma cadeira contra os black blocs. Ele foi derrubado no chão, agredido com chutes e socos e teve a câmera destruída. Outros dois cinegrafistas também tiveram os equipamentos quebrados.

Neste momento, professores ligados à Apeoesp chegaram e disseram que o grupo que estava causado o tumulto não era formado por docentes, mas por black blocs.

Foram os próprios sindicalistas que acabaram com a confusão e ajudaram a imprensa a sair do local. A PM confirmou a informação de que o grupo era de black blocs.

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O vice-presidente da Apeoesp, Fábio de Moraes, lamentou que o grupo de black blocs tenha se infiltrado, mas destacou que o episódio não tirava a importância do ato desta sexta. “Nossa manifestação aconteceu por mais de quatro horas, de forma pacífica. Por isso, é importante separar quem estava aqui para protestar e quem veio para fazer bagunça.”

Protesto. A manifestação começou por volta das 15 horas, na Avenida Paulista. Em greve há 43 dias, os professores caminharam até a Praça da República, onde fica a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, e deram um “abraço” no prédio.

Durante o protesto, os docentes aprovaram a manutenção da greve e a realização de nova assembleia, seguida de ato público, na próxima quinta-feira.

A Apeoesp briga por reajuste salarial de 75,33% enquanto a secretaria propõe manter a política de aumento salarial dos últimos quatro anos, com data-base em julho, sem informar qual seria o aumento concedido.

Na quinta-feira, após reunião entre o secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, e a Apeoesp, um grupo tentou invadir o prédio da secretaria. A polícia conteve a ação com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Não houve feridos nem detidos.

Para impedir danos ao edifício, a polícia fez nesta sexta um cordão de isolamento na secretaria.

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