Estudantes e deputados questionaram nesta quinta-feira (13) os critérios utilizados pelo Programa Ciência Sem Fronteiras na concessão de bolsas de estudos para estudantes de pós-graduação. No último edital de seleção, cursos das áreas de Humanas e Saúde foram deixados de fora. Em 2012, o programa concedeu cerca de 21 mil bolsas para cursos no exterior.
A questão foi debatida em audiência pública realizada na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Autor de requerimento da audiência, o deputado Izalci (PSDB-DF) levou à comissão questionamentos feitos por diversos estudantes a ele sobre as razões para o Ciência Sem Fronteiras ter concedido tão poucas bolsas de pós-graduação a estudantes das áreas de Humanas.
O coordenador do Ciência sem Fronteiras, Geraldo Nunes, afirmou que a escolha dos cursos foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff. “Então houve uma retirada: Jornalismo, Administração, Comunicação, etc. A presidenta solicitou que os próximos editais contemplassem exclusivamente as áreas que fossem com enfoque exclusivo tecnológico.”
Presidindo a reunião, o deputado Izalci concedeu parte de seu tempo à estudante de Biblioteconomia da Universidade de Brasília (UnB) Maria Luiza dos Santos, que expressou sua frustração ao relatar que se preparou o ano todo para concorrer à vaga e soube, somente em novembro, que seu curso tinha sido cortado da lista.
Ciência com Fronteiras
Alunos de todo o País se juntaram em um movimento de protesto batizado de Ciência com Fronteiras e acionaram o Ministério Público Federal, contou a estudante.
"Ainda falam que é questão de área prioritária, mas no meu caso de editoração e publicações eletrônicas, isso envolve tecnologia”, disse Maria Luiza. “E por que Enfermagem e Fisioterapia foram retirados e Medicina continuou? O que faz um curso melhor do que o outro? O que faz um aluno melhor do que o outro?”, questionou. “Porque eu tenho um perfil de excelência na Universidade de Brasília de que me adianta isso?", concluiu a estudante.
Pagamento difícil
Sobre o fato de que existem estudantes brasileiros na Europa que estão sem receber a bolsa há vários meses, Geraldo Nunes explicou que o Banco do Brasil não sabia que haveria dificuldades em efetuar o pagamento para estudantes de pequenas cidades europeias, onde os bancos são locais.
“O Banco do Brasil se deparou com essa dificuldade agora. Nós estamos cotidianamente nos reunindo com o banco para resolver isso. Nós não sabíamos que esses bancos não têm nem código internacional para recepção de recursos externos”, disse Nunes.