Aprender fazendo

Ex-aluno do IFSP, engenheiro da Camargo Corrêa teve lições práticas que contam até hoje em sua carreira

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Por Larissa Linder
Atualização:

O professor Carlos Alberto dos Santos (à esq.) e o ex-aluno Eduardo de Souza

 

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O engenheiro Eduardo Emiliano de Souza, de 45 anos, chegou ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) numa manhã  de quinta-feira cheio de lembranças – e não só na cabeça. Carregava medalhas, uniformes e fotos de amigos e professores da escola, onde não pisava havia 28 anos. “Este lugar marcou muito minha vida, foi onde cresci de verdade.”

 

Lá, o engenheiro que hoje trabalha na empreiteira Camargo Corrêa viveu uma relação respeitosa, mas amigável com os professores. Um deles, Carlos Alberto dos Santos, de 57, que ensinava eletrotécnica, esperava Souza para o reencontro promovido pelo Estadão.edu: “Lembro bem de você”, disse. O ex-aluno mocionou-se. “Eu lembrar (do professor) é uma coisa. Mas ele, entre tantos alunos, lembrar de mim...”.

 

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Souza tinha 14 anos quando decidiu tentar o vestibulinho para a escola pública, que fica no centro de São Paulo, perto do Metrô Armênia. “Eu nem sabia de vestibulinho, de nada. Meus amigos da escola estadual começaram a estudar para a prova e resolvi tentar.”

 

Foi o único que passou da turma. “Descobri uma vida nova”, conta Souza, que acordava às 5h30 e cruzava a cidade de metrô – morava no Jabaquara, zona sul – até o instituto.

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O engenheiro diz que o esforço valeu a pena. “Aqui, aprendemos fazendo. E sempre tivemos foco. Quando entrei na faculdade, isso fez toda a diferença. E na minha carreira também.”

 

“A turma dele era muito próxima de nós”, diz o professor. “Podíamos encontrar os alunos fora daqui. E, na segunda-feira, éramos colegas de trabalho que nos respeitávamos.”

 

Santos toma a iniciativa de levar o ex-aluno à sala de aula. Os dois brincam com fios, resistências, desenham fórmulas, se divertem. “Lembro de montar um semáforo e ver as luzes acendendo. Acontecia na minha frente, não só no papel.”

 

Para o professor, o destaque do instituto no Enem não está ligado só ao aprendizado na prática. “Nossos alunos aprendem a pensar. Eles pegam qualquer coisa e resolvem.”

 

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Os dois lembraram de muitas histórias. A que provocou mais risos tem a ver com futebol. “Tínhamos um time de professores que se gabava de estar invicto há dez anos”, conta Souza. “Propusemos o desafio com a turma do Edu, mas ali tinha uns quatro jogadores profissionais.” Os professores perderam a invencibilidade. “Depois dessa, não pudemos falar mais nada”, brinca Santos.

 

Festival. O ex-aluno lembrou das várias atividades de que participou na escola. “Futebol, teatro... Até organizei um festival de  música. Apesar se ser época de ditadura, nunca nos proibiam de tentar coisas novas”, diz. “O que mais me marcou foi a liberdade. Era quase como na faculdade. Você tinha 14 anos, mas podia sair da aula. Só que não saía. Queríamos estar ali.”

 

Durante o passeio os dois descobriram, surpresos, que trabalham num mesmo projeto da Camargo Corrêa. “Meu filho quer estudar aqui, vou trazê-lo para visitar”, diz um. “Traga e, se quiser, pode participar da próxima aula sobre semáforos”, convida o outro.

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FRASES:

 

"Este lugar me marcou muito, foi onde cresci de verdade. Aqui aprendemos fazendo. Quando entrei na faculdade, fez  toda a diferença" Eduardo de Souza, ex-aluno

 

"A turma dele era muito próxima. Encontrávamos os alunos fora daqui. E, na segunda-feira, éramos bons colegas de trabalho"Carlos Alberto dos Santos, professor

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