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Após PDV, cresce fila no ‘bandejão’ da USP

Estudantes ligam problema à perda de pessoal no último plano de demissão voluntária (PDV); reitoria vê aumento na demanda

Por Victor Vieira
Atualização:

Atualizado às 11h07.

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As filas para o “bandejão” da Cidade Universitária ficaram maiores neste ano, segundo queixas de alunos da Universidade de São Paulo (USP). A demora, para alguns, é reflexo da perda de servidores nos refeitórios, após o plano de demissão voluntária (PDV) da USP. A reitoria atribui as filas à limitação física e à demanda, tipicamente maior no início do ano letivo. 

Desde o começo do ano, o restaurante da prefeitura do câmpus, um dos três administrados pela reitoria na Cidade Universitária, foi desativado. O bandejão servia 800 almoços diários. 

Questionada se a medida é consequência do PDV, a reitoria afirma que a unidade está em reforma, já planejada, e não há planos de fechamento definitivo. Não informou, porém, o prazo para reabertura.

Alunos enfrentam fila para comer no bandejão da USP Foto: SERGIO CASTRO/ESTADÃO.

Os outros refeitórios administrados pela reitoria no câmpus são o Central e o da Física. Além desses, a reitoria fiscaliza a unidade da Química, também na Cidade Universitária. De acordo com os dados mais recentes, de 2013, o bandejão da prefeitura respondia por 15% das refeições servidas nas quatro unidades.

Demora. Íris Castro, de 24 anos, migrou do restaurante da prefeitura para os outros. “Antes, gastava uma hora para ir e voltar do almoço. Agora são quase duas com as filas”, diz o aluno da pós-graduação do Instituto de Ciências Biomédicas. "Para mim, o restaurante da prefeitura era mais fácil de chegar e menos cheio."

Segundo frequentadores, o fluxo aumentou no almoço e no jantar. Embora nos primeiros meses de aula o público do bandejão seja maior, alunos dizem que as filas já deveriam ter reduzido nessa altura do semestre. 

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Estudante de Pedagogia, Isadora Arruda acredita que o problema é resultado da demissão voluntária dos servidores, estratégia da reitoria para aliviar a folha de pagamento da USP. A instituição está em crise financeira desde o fim de 2013. Segundo Isadora, de 22 anos, a mudança afeta o grupo que mais precisa do restaurante. "São aqueles que vêm ou vão direto para o estágio ou trabalho. Muitos acabam comendo só um sanduíche, o que não é saudável", critica. 

Interior. Em Ribeirão Preto, as perdas com o PDV interromperam o preparo do jantar. Segundo a prefeitura do câmpus da cidade, que administra o restaurante local, isso foi pedido pela equipe remanescente para evitar sobrecarga. Nos próximos dois meses, à noite serão servidas marmitas, o que desagradou aos estudantes. 

Um grupo de cerca de 20 alunos ocupou o restaurante central do câmpus de Ribeirão Preto na terça-feira, 5, em protesto. A prefeitura chegou a suspender a distribuição de marmitas, mas garantiu o serviço após conversa com os manifestantes. Depois do período de dois meses, será feito contrato para trazer comida de fora da USP no jantar, modelo já adotado pela Faculdade de Direito da capital .

A reitoria afirma que há 220 trabalhadores nos restaurantes da USP - 16 aderiram ao PDV. Após as saídas, houve remanejamentos entre unidades e adaptações nos turnos de trabalho. 

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