Apicultura sustentável é opção rentável para produtor do Vale do Paraíba

Reportagem foi finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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Por Redação
Atualização:

Pierre Cruz dos Santos*

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Com os filhos criados e independentes, Valéria Alegretti, de 46 anos, resolveu deixar a rotina corrida na cidade – depois de trabalhar como secretária por duas décadas – e partiu para a vida no campo em busca de qualidade de vida. Em 2010, ela se mudou para o município de Monteiro Lobato, no Vale do Paraíba, a 131 quilômetros da capital, para viver em um sítio, como sempre quis.

Atraída pelo empreendedorismo verde, encontrou na apicultura uma fonte de renda extra e, há dois anos, participa do Projeto de Apicultura Sustentável, coordenado pela bióloga e professora Lídia Barreto, responsável pelo Centro de Estudos Apícolas (CEA) da Universidade de Taubaté. Por ano, a ex-secretária lucra R$ 4 mil com o novo negócio. “É pouco em comparação a outros produtores, mas não é a minha principal fonte de renda”, destaca a apicultora, que, além das dez caixas de colmeia em seu apiário, também cultiva cogumelos.

Ao todo, 82 pessoas são beneficiadas com o projeto, por meio de aulas de artesanato, marcenaria, produção de cosméticos à base de mel e culinária apícola, além do acesso à assistência e ao acompanhamento técnico. Jovens de 15 a 29 anos também são incluídos no projeto – a intenção, de acordo com Lídia, é a de evitar o êxodo rural e mostrar a opção de renda que o campo pode proporcionar, além de desenvolver a consciência ambiental nos produtores. “O nosso atual desafio é fazer com que o apicultor consiga administrar o seu negócio”, explica a docente.

Em parceria com associações municipais e com o Sebrae de São Paulo, o modelo iniciado em Monteiro Lobato foi replicado em São Luiz do Paraitinga e em Redenção da Serra. O município de Caçapava, com 80 mil habitantes e de onde Valéria se mudou para começar vida nova, já negocia sua adesão ao programa. O Projeto de Apicultura Sustentável tem o respaldo financeiro de R$ 320 mil para investimentos em 2012 e 2013 da Fibria, empresa de celulose de eucalipto, com unidade industrial no Vale do Paraíba. O fomento é destinado aos segmentos do programa nas cidades.

Com o projeto, os apicultores conseguiram superar a média nacional de produção, de 12 quilos, e produzem até 30 quilos de mel por colmeia. “Essa produção garante renda de até R$ 12 mil aos produtores”, aponta a professora Lídia. Como alternativa para a comercialização do mel, os produtores fornecem o alimento como merenda para escolas municipais da região.

Para o fim do ano, está previsto o início do projeto de Apicultura de Alta Precisão – uma extensão da Apicultura Sustentável. O objetivo é chegar a mais municípios do Vale do Paraíba, por meio de educação a distância e de palestras exibidas via internet. “A Valéria é um ótimo exemplo do projeto, ela buscava uma alternativa na vida rural e nós mostramos que isso é possível”, ressalta Lídia.

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*Finalista do Prêmio Tetra Pak de Jornalismo Ambiental

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