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Análise: Precisamos de mais universidades no ranking do THE

'Nossos currículos são baseados em um tempo excessivo em sala de aula e especialização precoce, dificultando intercâmbio com as melhores universidades'

Por Leandro Tessler
Atualização:

A edição 2014-2015 do ranking de universidades do Times Higher Education chama a atenção pela ausência de novidades do Brasil. É verdade que a USP ficou mais próxima da cobiçada faixa das top 200, mas continuar com somente duas entre as 400 melhores universidades do mundo não pode ser considerado um resultado animador. 

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Se comparamos o perfil típico das universidades brasileiras com as mais bem colocadas constatamos que estamos muito atrasados em internacionalização e em ensino, além de muito de nossa pesquisa ser ignorada pelo mundo por ter sido publicada em português. Nossas melhores universidades ainda apresentam forte endogenia e contam com pouquíssimos professores estrangeiros. Nossos currículos são baseados em um tempo excessivo em sala de aula e especialização precoce, dificultando intercâmbio com as melhores universidades. 

Não conseguimos atrair um número importante de estudantes estrangeiros de fora da América Latina. Que pode ser feito? Algumas respostas são óbvias: as universidades brasileiras precisam superar seu ranço anti-americano e contra a língua inglesa. Internacionalização no mundo contemporâneo não é possível sem o uso pesado do inglês. Não vamos atrair mais estudantes estrangeiros se não forem oferecidos cursos ou pelo menos disciplinas importantes em inglês. 

É preciso buscar os melhores talentos do mundo todo (e não só do Brasil) nos processos de contratação de professores. As universidades brasileiras e o Conselho Nacional de Educação deveriam estar se perguntando como é possível formar no exterior profissionais melhores e com mais preparo para inovar expondo-os a uma formação aberta, com menos da metade da carga horária obrigatória no Brasil. O programa Ciência sem Fronteiras está proporcionando uma exposição internacional inédita para o ensino superior brasileiro. Precisamos agir rapidamente para não perder a oportunidade de transformar isso em educação de maior qualidade, ter mais universidades de classe mundial e maior presença nos rankings.

Leandro Tessler é professor da Unicamp, ex-coordenador de Relações Internacionais da instituição

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