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Análise: Educação também significa respeitar as opções dos filhos

'Ambiente que tem sido alimentado no Brasil, de cisão, de polarização, estimula que pessoas com dificuldades psicológicas tomem decisões absurdas'

Por Daniel Cara
Atualização:
Guilherme Silva Neto, de 20 anos, estudava Matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG) Foto: Reprodução

É muito provável que neste caso (do assassinato de um jovem pelo pai que discordava de sua atuação em movimentos estudantis) haja uma questão individual. O pai já devia ter algum desequilíbrio mental, mas não devemos excluir o fato de que o ambiente que tem sido alimentado no Brasil, de cisão, de polarização, estimula que pessoas com dificuldades psicológicas tomem decisões absurdas como a desse pai. 

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Não tenho dúvidas de que esse clima de cisão e o próprio fascismo que têm emergido no Brasil recentemente alimentem esse tipo de fatalidade. 

Os pais tem que compreender que os filhos não lhes pertencem. Essa situação é um recado para o pessoal (que defende e articula) o projeto de lei do Escola Sem Partido que prega: meus filhos, minhas regras. 

Antes de tudo, os filhos são cidadãos e, como cidadãos, têm de ser respeitados. Os pais têm responsabilidade de buscar meios para conduzir a educação dos filhos, mas não para que ele seja sua imagem e semelhança. Conduzir a educação, inclusive, significa respeitar as opções do filho.

Eu não tenho dúvidas de que esse clima do Brasil e projetos de lei absurdos, como o Escola Sem Partido, levam a esse tipo de equívoco. Os pais têm responsabilidade sobre os filhos, não pertencimento ou propriedade. 

* Coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação

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