SÃO PAULO - Os alunos da Escola Estadual Fernão Dias Paes – primeira a ser ocupada na capital há 55 dias – prometem sair do colégio às 18 horas de hoje. O grupo havia previsto deixar o prédio no fim de semana, mas adiaram a desocupação para, segundo os estudantes, concluir a limpeza e a retirada de objetos pessoais. A Secretaria Estadual da Educação quer retomar o colégio o quanto antes para iniciar a reposição de aulas.
Além da Fernão, em Pinheiros, havia sete escolas invadidas ontem – cinco na capital e duas em Santos. No auge do movimento contra a reorganização da rede estadual de ensino proposta pela gestão Geraldo Alckmin (PSDB), 196 unidades foram tomadas por estudantes.
O aluno Heudes Oliveira, de 18 anos, afirma que o mutirão nos últimos dias é para deixar a Fernão “igual ou melhor do que antes”. O problema, dizem os estudantes, é ter encontrado uma escola com mais defeitos do que aqueles que conheciam.
Em visita ao colégio neste domingo, 3, o Estado viu vários problemas estruturais: carteiras e lousa quebradas, pisos gastos e paredes sujas e com infiltrações. Também há equipamentos eletrônicos e cadeiras velhas jogados em espaços a céu aberto, o que pode gerar acúmulo de água da chuva e sujeira.
Os manifestantes ainda encontraram salas com pilhas de mochilas e pacotes de livros didáticos, ainda lacrados. “Esses livros fazem falta”, reclama o aluno Renato Lacerda, de 17 anos. “Às vezes, pedimos material e dizem que não tem.”
Questionada, a secretaria não se manifestou até as 20h15 de ontem. Após a desocupação, deve ser feita vistoria para checar as condições em que o prédio foi deixado. A pasta também tem dito que vai garantir os 200 dias letivos com a reposição das aulas em janeiro.
Os estudantes afirmam ter preservado o imóvel. Ainda dizem ter doado para uma organização de caridade cerca de cem quilos de alimentos que sobraram das doações recebidas.