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Alunos de SP terão reforço na volta às aulas

Ideia é que estudantes passem por um 'intensivo' que foque em habilidades não desenvolvidas no ano anterior

Por Isabela Palhares
Atualização:
Secretaria também sugeriu aos diretores que pensem em uma maneira de agrupar os alunos de acordo com os desempenhos Foto: PAULO LIEBERT/ESTADÃO

SÃO PAULO - Para o primeiro mês de aulas deste ano, a Secretaria Estadual de Educação iniciará um programa de reforço para os alunos da rede paulista. A ideia é que, nas primeiras semanas de aula, em vez de aprenderem novos conteúdos, eles passem por um "intensivo" que foque em habilidades críticas não desenvolvidas no ano anterior. 

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Valéria de Souza, coordenadora de Gestão da Educação Básica da secretaria, disse que desde novembro as escolas foram orientadas a formar um plano de ação para identificar, por meio das provas internas e externas, as principais dificuldades dos estudantes em cada ano de ensino.

"O aluno vai precisar dessas habilidades nos próximos anos, não adianta seguir em frente sem que ele aprenda. Tem que usar outras metodologias, novas abordagens, fazer projetos com outras disciplinas para que ele consiga desenvolver", disse. 

De acordo com o secretário José Renato Nalini, a iniciativa não é obrigatória para todas as escolas e turmas, mas é "recomendável". "Esperamos que todas tenham um plano de ação específico e o coloquem em prática. É importante mostrar que todos estamos empenhados em superar essas dificuldades", afirmou. 

Em avaliações externas, como o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), que tem provas de Português e Matemática, os dados mostram que a rede estadual melhorou em 2015 em todos os ciclos de ensino (fundamentais 1 e 2 e médio), mas ainda segue longe da meta estipulada pelo próprio governo estadual - com exceção apenas da média de Português obtida pelo 5º ano do fundamental. 

A secretaria informou que irá adiantar às escolas já no início das aulas os resultados do Saresp do ano passado - os dados costumam ser divulgados apenas em março.

No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o principal índice de desempenho da educação básica brasileira, as escolas paulistas também registraram melhora, mas não atingiram a meta estipulada para 2015 para o ensino fundamental 2 e médio.

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"As dificuldades vão aumentando a medida que o aprendizado fica mais complexo. Por isso, esse intensivo é importante para os alunos menores para que não deixem passar nenhuma habilidade e para os mais velhos que podem retomá-las", disse Valéria. 

Divisão. Para esse primeiro mês de aulas, a secretaria também sugeriu aos diretores que pensem em uma maneira de agrupar os alunos de acordo com os desempenhos para o melhor aproveitamento. "A escola pode avaliar se acha melhor colocar numa mesma turma todos aqueles que têm mais dificuldade ou se vai colocar aqueles que estão mais avançados para dar tutoria aos demais. Não tem uma receita, cada escola pode ver o que melhor funciona", disse Nalini. 

Ainda segundo a secretaria, ao final do mês de fevereiro, os professores e a direção da escola terão informações precisas sobre o desempenho dos alunos para montar as melhores estratégias de aprendizagem. 

Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), disse que a ideia de usar as primeiras semanas de aula para a retomada de conhecimentos é uma prática comum em escolas particulares, mas que deve ter um caráter de diagnóstico e ter continuidade ao longo do ano para ser efetiva. 

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"Deve servir de insumo para o professor conhecer a turma que vai dar aula e afinar o seu planejamento de aulas de acordo com as necessidades dela, saber o que precisa ser retomado ou onde avançar. É importante que seja pensado como estratégia a longo prazo, porque um mês não vai resolver todas as pendências educativas", disse. 

Ela também disse que utilizar apenas as notas das avaliações externas para montar o plano de recuperação pode ser ruim para alunos que tenham uma defasagem maior. "As avaliações mostram a média da turma e focar apenas nisso pode deixar de fora justamente o estudante que mais precisa de atenção". 

Para Rubens Barbosa de Camargo, da Faculdade de Educação da USP, a defasagem dos alunos é muito grande e precisa de outras iniciativas para ser superada. "É uma medida paliativa. Os problemas de aprendizagem são muito maiores e são consequência de diversos fatores, como falta de recursos nas escolas, professores desmotivados por causa do salário baixo e falta de formação", disse. 

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